domingo, 20 de maio de 2012

Solucionática: o impossível se faz possível no futebol em 2012

Lucas Morais

Termina mais uma temporada na Europa. A temporada 2011-2012 foi um presente enorme para os fãs da bola.

O Athletic Bilbao, maior e mais representativo clube do País Basco e a luta por independência deste povo face ao Estado monárquico espanhol, fez uma campanha regular na Liga Espanhola e disputou a final da Liga Europa com sua histórica “filial”, o Atletico de Madrid, que foi fundado por estudantes bascos em Madri em 1903. O time basco, fundado em 1898, somente com jogadores de origem basca e sob o comando de “Loco” Bielsa, perdeu a final após uma brilhante campanha, que contou, inclusive, com a vitória sobre um Manchester United completo, com todos seus titulares em campo, sob comando de Alex Ferguson, para um Atletico comandado pelo matador colombiano Falcão. Doloroso para os bascos, mas deu a lógica: o Atletico havia feito uma campanha invicta e com maior número de gols na Liga Europa, além de boa uma campanha na Liga Espanhola.
No Estado espanhol, o incrível Barcelona do argentino Lionel Messi, dos meias catalães Xavi Hernández e Andrés Iniesta e comandados pelo também catalão Pep Guardiola, entrou meia-bomba na temporada, sem Villa, contundido, com várias transições, como o retorno do meia catalão Cesc Fábregas e a introdução do atacante chileno Alexis Sánchez, com sua zaga frequentemente machucada, com muitas limitações neste setor, mas, ainda assim, este time chegou às semifinais da Liga dos Campeões da Europa, levou Messi a bater o recorde de La Liga, com 50 gols, mas ficando atrás e perdendo em casa para o arquirrival, o Real Madrid, que também morreu nas semifinais diante de um resistente Bayern.


Se os clubes comandados por José Mourinho e Pep Guardiola passassem, poderiam ter disputado entre si a final em um inédito El Clasico na final da Liga dos Campeões. Para compensar, o time de Madri levantou a taça espanhola alcançando o recorde de 100 pontos, com mais uma ótima campanha do goleiro espanhol Iker Casillas e com um tridente ofensivo imbatível, com o português Cristiano Ronaldo, o francês Karim Benzema e argentino Gonzalo Higuaín tendo feito 82 gols na temporada, com o meia alemão Mesut Özil alternando com o brasileiro Kaká e o argentino Di María no meio campo.

Na Itália, a Juventus, invicta, volta a ser protagonista e retorna à Liga dos Campeões, na qual participou mais de vinte vezes. Trata-se de um time forte, complicado, cascudo, encardido, mas com muita qualidade, com Vucinic, Pirlo, Matri, Alessandro Del Piero e o goleiro De Sanctis em destaque. Empata muito e tem o hábito de ganhar com um gol de diferença. Virada é goleada. Essa é a Velha Senhora se reerguendo. Inclusive, disputou o jogo final pela Copa Itália contra o Napoli, do eslovaco Hamsik, do atacante uruguaio Cavani e do atacante argentino Lavezzi, que, ao menos, levantaram esta taça neste ano e salvaram a lavoura, além de quebraram a série invicta da Juve. Pela Liga dos Campeões da Europa, o time da cidade de Nápoles foi eliminado pelo atual campeão, Chelsea. Com um elenco envelhecido, o Milan, apesar da artilharia do sueco Zlatan Ibrahimović, morreu nas quartas de final da Liga dos Campeões diante de um Barcelona envolvente, mas enfrentou com muita dignidade. No campeonato italiano, disputou até o final, mas não foi capaz de se recuperar dos tropeços, igualmente à Internazionale de Milão que, ao final da competição, ressuscitou parte de seu futebol, mas também precisa de renovação em seu elenco. A Udinese mais uma vez encostou entre os primeiros colocados.

Na Alemanha, deu, mais uma vez, Borússia Dortmund, com mais uma brilhante atuação do meia japonês Kagawa, de saída para o Manchester United, o jovem atacante Mario Götze e o atacante paraguaio Lucas Barrios. Campanha impecável e irretocável na Bundesliga, enquanto o Bayern, vacilante, ficou com o vice-campeonato. Schalke de Gelsenkirchen e Borussia Mönchengladbach fizeram boas campanhas e revelaram mais jogadores, como o excelente atacante alemão Marco Reus, do Mönchengladbach.

Na Inglaterra, o “novo rico” Manchester City sofreu muito ao ver por duas vezes sua campanha, que dependeria somente de si mesmo, já que estava na liderança, ir para as mãos do maior rival durante a Premiere League, mas, após 44 anos, o meia marfinense Yaya Touré, o atacante argentino Kun Agüero, o atacante italiano Mario Ballotelli, o meia espanhol David Silva, o meia francês Samir Nasri, comandados por Roberto Mancini, dão o título ao Manchester City, tirando finalmente o título do rival Manchester United que, ano sim ano não, levanta a taça, em um jogo desesperador contra o Queen's Park Rangers na última rodada, quando sofreu dois gols e precisou fazer uma heróica virada no último lance, dos pés de Balotelli para Agüero, que sofreu falta mas insistiu e conseguiu o inacreditável, inenarrável, fantástico e decisivo gol.

A final: F.C. Bayern München vs Chelsea F.C.

O jogo foi muito estudado, como um xadrez, com ambos times anulando as principais jogadas. Robben não decidiu. Mario Gómez, sempre muito marcado, não se libertou e teve poucas chances. Müller, que não vinha bem no jogo, fez um “segundo Mário Gómez” e conseguiu cabecear ao chão em frente de Cech, que não conseguiu a defesa.

O marfinês Didier Drogba, que parece mesmo ter nascido para decisões, em mais uma partida histórica fez o gol do empate aos 88 minutos, no alto, numa bola de escanteio, quando a partida já estava encaminhada em teoria e a torcida do Bayern comemorava. Depois deste gol, Drogba comete um pênalti infantil no atacante francês Frank Ribéry, e o tcheco Peter Cech, mitológico, acerta o lado, defende o pênalti do atacante holandês Arjen Robben e coloca o Chelsea.

Recorreu, jogando fora, a um futebol defensivo e cauteloso. Armou o ferrolho. Contra o Barça, deu certo. Naquele jogo contou com muita sorte, marcação, nervosismo e a categoria de Ramires e o inesquecível gol de Fernando Torres, no Camp Nou.

Pênaltis

Lahm fez. Mata, não. Gómez fez e David Luiz foi categórico. Neuer e Cole fizeram com tanta perfeição que, enquanto a bola não encontrava as redes, a impressão era de que ambos errariam. Emoção total a cada décimo de segundo. Eis que, Schweinsteiger, que se recuperou há poucos meses de uma grave lesão no joelho e esteve muito bem por todo esse jogo, manda na trave, com paradinha antes, tentando tirar do Cech. A torcida do Bayern desaba. Então, Drogba portando a incontingência do gol, mandou forte no canto, canto oposto do escolhido por Manuel Neuer. Decisivo, afinal, foi sua vida e sua razão de viver em jogo.

Ramires, que não pôde jogar a final pelo Chelsea, por estar suspenso, cobriu-se com a bandeira do Brasil já pensando em quando seu filho poderá assistir seu mágico gol e entender o que representou aquela virada, com um a menos, sobre o Barça, no Camp Nou, na vitória da semifinal que habilitou o Chelsea a disputar a taça com o Bayern.

O meia brasileiro confessou, em entrevista aos repórteres da ESPN Brasil, que assiste todos os dias seu gol encobrindo categoricamente o goleiro catalão Victor Valdés.


Um comentário:

  1. Achei bem legal, Brasil! Uma crítica construtiva não só pra você mas a todos da imprensa, porque poucos foram os que eu vi comentando sobre o assunto: Drogba deu um show de nobreza e se mostrou um excelente vencedor abraçando e consolando Robben e Schweinsteiger depois da decisão...

    ResponderExcluir

Gingaê!