quarta-feira, 23 de maio de 2012

O campinho da Aldeia Velha - Sonho Estranho

Por Victor Freire

Engraçado. Tive um sonho estranho hoje.

Sonhei que estava assistindo um treino do Santos F.C. (não, por incrível que pareça, não era do Santa Cruz). Mas haviam significativas diferenças em relação à vida real. Este Santos estava sendo comandado pelo "pofexô" Luxa. E o treino estava sendo conduzido em um terreno baldio, de terra batida, mal cuidado e onde se podiam ver pedras soltas e cacos de telha e de lajotas de cimento aqui e ali. Parecia com os campos onde (vez ou outra, nunca fui fominha por bola) batia pelada com os amigos ou os moleques dos bairros lá de Arcoverde.

Luxemburgo, de uma maneira que me impressionou muito, não estava com a sua típica arrogância. Segurava uma bola embaixo do braço, uniforme de comissão técnica, tênis nos pés, olhar grave. Aguardava os jogadores chegarem ao local de treino, de forma displiscente, aos bolos (pequenos), enquanto iam formando um círculo para a preleção inicial antes do início das atividades.

Deduzi, por algum motivo estranho, que aquela seria uma manhã, cedo, de segunda ou quinta-feira, pós-rodada. As palavras do treinador ao seu grupo só vieram confirmar minhas impressões: Luxa deu uma bronca enorme no time por causa de uma derrota sofrida no dia anterior. Chamou-os de preguiçosos, cobrou empenho, profissionalismo e dedicação dos jogadores. Lembrou-os de que o principal propósito de estarem jogando bola é de proporcionarem resultados e satisfazer a torcida. Dispensou o grupo e ficou supervisionando a realização de um treino tático.

Fui comentar qualquer coisa com o treinador do alvinegro praiano, e ele me disse de forma assertiva: "Tem de cobrar mesmo desses caras. Eles estão muito relaxados, entrando em campo achando que só isso é a obrigação deles. Não pode ser assim".

Eu pessoalmente sou da crença de que sonhos podem revelar aquilo que nós consideramos formas ideais, apesar de eu não ser exatamente um grande admirador do time do litoral paulista e menos ainda de um treinador tão controverso quanto o dito cujo. Mas naquele momento hipotético Luxa encarnou aquilo que eu considero como a forma ideal de um treinador após um momento de derrota: capaz de identificar a fraqueza de um grupo, chamar-lhe a atenção, e acima de tudo com um compromisso com os objetivos de toda organização esportiva de caráter competitivo - vencer competições.

Imagem meramente ilustrativa.
O grupo também mereceu um destaque: não havia ali demonstrações de estrelismo ou vaidade quando tomaram a esparrela de seu treinador. Todos ali permaneceram calados enquanto o chefe passava suas impressões, embora nem todos parecessem concordar com ele. Ao final, cada um voltou para seus afazeres enquanto jogadores em treinamento.

Putaria - sim, esta é a palavra que pode ser usada pra definir os critérios de acesso, descida e participação das equipes nas séries C e D. Nos últimos dias, ambos os campeonatos foram assolados por uma enxurrada de ações judiciais de equipes que queriam delas participar, ou não, mas sempre a fórceps. Em diferentes casos, estiveram envolvidos o Rio Branco (AC), Brasil de Pelotas, Treze (PB), Santo André e outros tantos.

Tal situação revela a quantidade de erros de concepção e gestão da CBF, de uma forma tão exarcebada que nos faz pensar se isso não é de propósito. Qualquer dia desses gostaria de sonhar com as divisões inferiores do campeonato brasileiro com mais qualidade, organização e clareza nos seus regulamentos. Mas já serviria (que remédio!) a subida do Santa pra Série B.

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