Por Victor O. P. Coelho
No
seu texto “O Forlán tangível e intangível”, publicado em seu
blog Olho Clínico , Mario
Marra disse que sua chegada (de Forlán) poderia “representar a
maturidade e seriedade que o elenco parece carecer”. Se foi já
“efeito Forlán” eu não sei, mas houve uma melhora significativa
do futebol do Galo nesse segundo jogo da final do Mineiro 2012 contra
o América, tanto na parte coletiva quanto na individual
Na
parte coletiva, o time se mostrou mais coeso, marcando bem pelo menos
desde o meio-campo até atrás, com a defesa firme e atenta,
praticamente anulando o time do América – que, embora ainda
limitado, é um time que havia se mostrado coeso, determinado e
perigoso no ataque contra o Cruzeiro.
Na
parte individual, Guilherme mais uma vez fez uma grande partida,
mesmo um tanto no sacrifício por estar ainda recuperando da última
contusão (e esperemos que seja a última mesmo este ano). Foram dos
pés dele que saíram os dois primeiros gols. Bernard também
melhorou, se movimentando mais, deixando de ser o jogador previsível
e facilmente marcado das partidas anteriores, desde que voltara do
departamento médico. Marcos Rocha também melhorou, mas o caso
especial foi de Richarlyson.
Claro que nada justifica homofobia, mas
era claro que a torcida começou a pegar no seu pé devido ao futebol
bem fraquinho que vinha apresentando e, no caso do primeiro confronto
contra o Goiás, eu mesmo parei de assistir depois que ele “entregou”
a bola que resultaria no segundo gol do Goiás – que, para piorar
pro nosso lado, jogava com aquele uniforme medonho. Hoje finalmente o
Rick resolveu sair do papel de vítima e jogar como guerreiro. Só
espero que não seja apenas algo corriqueiro, nem apenas, também,
algum possível “efeito Junior César” (outra contratação ainda
não confirmada).
Vencer
o Campeonato Mineiro de forma invicta é, de fato, um grande feito e
merece a comemoração. Mas, todos já sabem que o Galo precisa de
muito mais. Tendo isso em vista, e sem pretender diminuir a
conquista, sejamos realistas: o nível do futebol mineiro hoje é
muito fraco. E não me refiro apenas aos times do interior. O
Cruzeiro só não foi rebaixado ano passado pela “ajuda” do Galo,
que resolveu entrar em campo já de férias. Ficou agora de fora da
final do estadual, tendo sido desclassificado na semi-final pelo hoje
goleado América. O América, por sua vez, é um clube organizado,
com time coeso e de bom nível para disputar a Série B, parece ter
um projeto consistente para sonhar voltar e permanecer na Série A.
Mas ainda é, no máximo, uma equipe da Série B. E o Galo... Dos
jogos mais importantes, empatou o único jogo contra o Cruzeiro
depois de abrir 2 a 0. Dos três jogos seguidos contra o Tupi –
melhor time do interior e atual campeão da Série D nacional –,
empatou dois e ganhou um apertado. Contra o América foi melhor,
tendo ganhado um jogo equilibrado (embora com mais posse de bola do
Galo) na fase de classificação, empatado o primeiro jogo da final e
finalmente hoje se impôs de maneira que o jogador (ex-)americano
Moisés reconheceu a superioridade do rival após o jogo. Mas o pior
de tudo foi a patética eliminação diante do Goiás da Copa do
Brasil, para manter nossa patética tradição nesse campeonato e
para consolidar a humilhante freguesia diante do time goiano.
Mas
evito de ser demasiado pessimista. O elenco do Galo é bom, acima da
média no Brasil, a meu ver. A sequência de jogos no final do
Brasileiro do ano passado mostrou que o time pode ambicionar bem
mais, e o time já está reforçado este ano. O que falta (ou
faltava?) era maior seriedade, dedicação, “sangue”, coisa que
passou a ser cobrada, com toda a razão, após o vexame contra o
Cruzeiro na última partida de 2011.
Contudo,
o time precisa de mais dois ou três reforços pontuais. Precisa
demais de um camisa 10 para chegar e virar titular, idem para a
lateral esquerda. Os nomes do momento (Forlán e Junior Cesar) são
bons, se jogarem seu melhor futebol (no caso do Forlán, sem exigir
que seja o mesmo jogador da última Copa do Mundo). Talvez um goleiro
experiente, embora eu prefira que seja mais um meia ou atacante de
bom nível, além do camisa 10. Acredito que o dinheiro disponível
pudesse ser usado para mais (ou seja, quatro ou cinco) boas
contratações, de jogadores do Brasil ou América Latina, com
jogadores que não fossem tão estrelas mas que já pudessem chegar e
somar futebol ao time, desde o início do campeonato. Seria algo mais
tangível, concreto, que talvez rapidamente já colocaria o time
entre os fortes candidatos a brigar pelo G-4. Mas vejamos o que
acontecerá.
Se
esses bons reforços (ao menos três) vierem e o time se mostrar
disposto a disputar o título do Brasileirão, como se mostrou hoje
para abocanhar o título do Mineiro, creio que a perspectiva possa
ser boa. O caso é que já perdemos uma boa oportunidade de voltarmos
a sermos grandes em campo com mais uma eliminação precoce da Copa
do Brasil. Tomara que isso, assim como o título invicto do Mineiro,
possa servir como motivação para o time se comportar de forma
determinada no Brasileirão 2012 e visar a pelo menos uma vaga na
Libertadores 2013.
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