domingo, 13 de maio de 2012

Amistoso - Comemorar o campeão invicto, mas cobrar o Galo Forte

Por Victor O. P. Coelho

No seu texto “O Forlán tangível e intangível”, publicado em seu blog Olho Clínico , Mario Marra disse que sua chegada (de Forlán) poderia “representar a maturidade e seriedade que o elenco parece carecer”. Se foi já “efeito Forlán” eu não sei, mas houve uma melhora significativa do futebol do Galo nesse segundo jogo da final do Mineiro 2012 contra o América, tanto na parte coletiva quanto na individual

Na parte coletiva, o time se mostrou mais coeso, marcando bem pelo menos desde o meio-campo até atrás, com a defesa firme e atenta, praticamente anulando o time do América – que, embora ainda limitado, é um time que havia se mostrado coeso, determinado e perigoso no ataque contra o Cruzeiro.

Na parte individual, Guilherme mais uma vez fez uma grande partida, mesmo um tanto no sacrifício por estar ainda recuperando da última contusão (e esperemos que seja a última mesmo este ano). Foram dos pés dele que saíram os dois primeiros gols. Bernard também melhorou, se movimentando mais, deixando de ser o jogador previsível e facilmente marcado das partidas anteriores, desde que voltara do departamento médico. Marcos Rocha também melhorou, mas o caso especial foi de Richarlyson. 

Claro que nada justifica homofobia, mas era claro que a torcida começou a pegar no seu pé devido ao futebol bem fraquinho que vinha apresentando e, no caso do primeiro confronto contra o Goiás, eu mesmo parei de assistir depois que ele “entregou” a bola que resultaria no segundo gol do Goiás – que, para piorar pro nosso lado, jogava com aquele uniforme medonho. Hoje finalmente o Rick resolveu sair do papel de vítima e jogar como guerreiro. Só espero que não seja apenas algo corriqueiro, nem apenas, também, algum possível “efeito Junior César” (outra contratação ainda não confirmada).


Vencer o Campeonato Mineiro de forma invicta é, de fato, um grande feito e merece a comemoração. Mas, todos já sabem que o Galo precisa de muito mais. Tendo isso em vista, e sem pretender diminuir a conquista, sejamos realistas: o nível do futebol mineiro hoje é muito fraco. E não me refiro apenas aos times do interior. O Cruzeiro só não foi rebaixado ano passado pela “ajuda” do Galo, que resolveu entrar em campo já de férias. Ficou agora de fora da final do estadual, tendo sido desclassificado na semi-final pelo hoje goleado América. O América, por sua vez, é um clube organizado, com time coeso e de bom nível para disputar a Série B, parece ter um projeto consistente para sonhar voltar e permanecer na Série A. Mas ainda é, no máximo, uma equipe da Série B. E o Galo... Dos jogos mais importantes, empatou o único jogo contra o Cruzeiro depois de abrir 2 a 0. Dos três jogos seguidos contra o Tupi – melhor time do interior e atual campeão da Série D nacional –, empatou dois e ganhou um apertado. Contra o América foi melhor, tendo ganhado um jogo equilibrado (embora com mais posse de bola do Galo) na fase de classificação, empatado o primeiro jogo da final e finalmente hoje se impôs de maneira que o jogador (ex-)americano Moisés reconheceu a superioridade do rival após o jogo. Mas o pior de tudo foi a patética eliminação diante do Goiás da Copa do Brasil, para manter nossa patética tradição nesse campeonato e para consolidar a humilhante freguesia diante do time goiano.

Mas evito de ser demasiado pessimista. O elenco do Galo é bom, acima da média no Brasil, a meu ver. A sequência de jogos no final do Brasileiro do ano passado mostrou que o time pode ambicionar bem mais, e o time já está reforçado este ano. O que falta (ou faltava?) era maior seriedade, dedicação, “sangue”, coisa que passou a ser cobrada, com toda a razão, após o vexame contra o Cruzeiro na última partida de 2011.

Contudo, o time precisa de mais dois ou três reforços pontuais. Precisa demais de um camisa 10 para chegar e virar titular, idem para a lateral esquerda. Os nomes do momento (Forlán e Junior Cesar) são bons, se jogarem seu melhor futebol (no caso do Forlán, sem exigir que seja o mesmo jogador da última Copa do Mundo). Talvez um goleiro experiente, embora eu prefira que seja mais um meia ou atacante de bom nível, além do camisa 10. Acredito que o dinheiro disponível pudesse ser usado para mais (ou seja, quatro ou cinco) boas contratações, de jogadores do Brasil ou América Latina, com jogadores que não fossem tão estrelas mas que já pudessem chegar e somar futebol ao time, desde o início do campeonato. Seria algo mais tangível, concreto, que talvez rapidamente já colocaria o time entre os fortes candidatos a brigar pelo G-4. Mas vejamos o que acontecerá.

Se esses bons reforços (ao menos três) vierem e o time se mostrar disposto a disputar o título do Brasileirão, como se mostrou hoje para abocanhar o título do Mineiro, creio que a perspectiva possa ser boa. O caso é que já perdemos uma boa oportunidade de voltarmos a sermos grandes em campo com mais uma eliminação precoce da Copa do Brasil. Tomara que isso, assim como o título invicto do Mineiro, possa servir como motivação para o time se comportar de forma determinada no Brasileirão 2012 e visar a pelo menos uma vaga na Libertadores 2013. 
 

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