Por Gilson Moura Junior
É o Fluminense.
Isso ai, o Fluminense, conhece? É.. aquele mesmo.. aquele que quando retorna no reino de Hades escolhe como livro de cabeceira a Jornada do Herói.
É aquele Fluminense, aquele que desnuda a emoção, a agonia, com requintes Hitchcockianos, como se filmasse "Os Pássaros" enquanto o Imponderável chupa um Chicabon na calçada do Impossível.
O Fluminense, aquele de 2009, aquele de 2010, aquele que em 2011 foi dado como morto e só morreu quando havia virado protagonista.
O Fluminense zoa a derrota, como um Judeu Errante que tripudia da morte retornando aos píncaros da emoção com requintes de crueldade, como um Ulisses redivivo que é um Ninguém que mata Ciclopes furiosos e autocentrados.
E o Inter, que não é o Botafogo, conheceu novamente o Fluminense na noite de ontem.
O Torcedor do Fluminense quando saiu de casa com o sabor da classificação na ponta da língua, se preparava para uma dolorosa experiencia que lhe é comum e grata, a da superação de montanhas, de inimigos imaginários, moinhos de vento, medos, depressões, falhas e do desdém que nos acompanha desde a descida aos infernos da série C. O Torcedor do Fluminense no entanto não sabia como.
E neste misterioso caminho entre uma certeza sagrada e a dúvida sobre o roteiro, subiram as rampas do novo templo tomados de inescapável garra. Gritaram, cada um como um pedaço de alma do eterno, cada qual um momento de gigante e absoluta, comovida até, doação àquele, aquelas cores, que não só traduzem tradição, como traduzem a inescapável predestinação à glória.
Com o Fluminense, repito, o Imponderável chupa Chicabon na calçada do Impossível.
E o Inter, sabedor de que era a noite de sua melhor partida, sabedor que não é o Botafogo, cai diante de um novo conhecimento: somos o Fluminense.
Na segunda decisão entre os clubes em vinte anos o Inter aprendeu que mesmo longe de nossos melhores dias está diante de um gigante, de um Ulisses, e que sem a ajuda do Juiz talvez nem sempre seja simples superá-lo, especialmente com línguas grandes.
Em uma semana mais uma batalha, mais uma enorme batalha que se torna uma nova tradição, um novo clássico. O Fluminense irá à tão saudosa quanto aconchegante Buenos Aires para enfrentar um Gigante ainda maior que o Internacional, um Gigante que além disso sabe que desprezando Guerreiros se cai e o quanto isso é doloroso.
Teremos diante do Boca Juniors mais um capítulo da espinhosa história que nos levou à final de uma Libertadores, a tradição de nenhuma moleza, de nenhum Bolivar, de nenhum sub-12 do timbuctu, pela frente, mas de gigantes, de monstros, leviatãs futeboleiros.
E como Ulisses chegaremos à Terra deste Ciclope como Ninguém, como mais um que ouvindo "nunca terás o tamanho do Boca Juniors", se cala e avança.
Eles são favoritos.
E isso é bom.
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