Por Gilson Moura Junior
Gosto de futebol como quem sangra. Sim, como quem sangra, qual o problema?
Não entendes? Não serias capaz de entender se aquele gol te doesse, não serias capaz de entender se aquele gol fosse teu orgasmo, tua alma saindo pela boca, lágrimas nos olhos e algo mais intenso que sua ausência de fé jamais entenderia, fortalecendo-se em ti como uma chama, como um mundo.
Ópio do povo? Que seja! Se for ópio que me enlouqueça, que me formalize como adicto, que me devore!
Quando nasci me fiz tricolor. Quando cresci e lutei contra reis, bárbaros, gorilas, soldados, pastores, ela estava tatuada na minha alma, aquela bandeira e as mesmas três cores que traduzem tradição.
As mesmas três cores que me ajudam a falar com porteiros, empregadas domésticas, balconistas, motoristas de ônibus, lavradores, putas, cães vadios, sarjetas e garçons. Marx? Não, Marx me ajuda a ver o mundo, a eles não, quem me ajuda a vê-los é Nelson Rodrigues.
Aqueles rostos transtornados pela perda do Gol de Diego souza, que pulavam com o gol de Marcos Junior ou de Carleto, que odeiam Ronaldinho Gaúcho, que são esperançosos com a alma de Loco Abreu por sobre a estrela solitária, quem entendeu foi Nelson e não Marx.
É certo que precisamos mudar o mundo, é certo! E pra isso precisamos de Marx, mas se esquecermos de Nelson veremos em nome de quem o mudaremos?
Gosto de Futebol como quem goza. Qual o problema?
Gosto de futebol como quem clama.
ResponderExcluirperfeito.
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