sábado, 5 de maio de 2012

Leiteria - Esperando o Vovô

Por Gilson Moura Junior

Há milênios o carioca não é decidido em campo.

Todos os títulos disputados no Rio de Janeiro, desde o primeiro chute em uma bola valendo pontos, nos idos de 1906, foram decididos nas mãos  das Moiras Gregas ou Nornes Nórdicas.

Todos sem exceção foram mais que apenas um jogo, sempre. todos nasceram e cresceram constituídos da mitologia que se erguia das mãos, pés e peles dos nascidos e vividos sob o sol desta terra.

O campeonato carioca existe para além do tempo, e sempre, sempre, teve e tem em si o suave perfume da eternidade.

Neste domingo nasce mais um capítulo da eternidade ao dar ao Clássico o protagonismo poucas vezes visto nem decisẽos de um campeonato de tal envergadura divinal como o Carioca.

Protagonista de apenas quatro decisões deste mais que centenário campeonato, o Clássico Vovô surge novamente como um momento de afirmação e reafirmação para ambos os disputantes, por vezes ocultados pela grandiloquência populista de emissoras e jornais, torcedores e seguidores do oba oba luso-mulambo.

E neste domingo, um domingo que espera, um domingo que anseia, decidirá não mais um campeonato,mas o campeonato que remete ao primeiro passo do homem no planeta futebol em terras Tupinambás, o campeonato que lembra que se não fossem os irmãos Cox ainda estaríamos remando.

As equipes, bem, elas terão seus heróis, quase todos, inteiros ou quase isso. Teremos o Maestro Deco, o Imponente Uruguaio Loco, o surpreendente Fred, o decisivo Thiago Neves, o seguro Jefferson, o insinuante Maicosuel, todos em campo, prontos para concretizarem a glória em suas mãos.

Fora de campo, deuses e homens, mortos, vivos, entidades, se juntarão a Manés, Nelsons, Lagos, Portos e criarão aquela sensação de atemporalidade que só quem nasce nestas plagas da Mui Leal entende.

É chegada a hora de mais um vovô.

Que bom!


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