segunda-feira, 12 de março de 2012

Leiteria - O Futebol, O Chefão, as medalhas e o amante.


Por Gilson Moura Henrique Junior


Hoje é dia de festa, ao menos uma festinha com os amigos levando latinhas e comentando os melhores momentos dos anos Teixeira. Nem que seja só pra no dia seguinte sacar que o buraco é embaixíssimo, quase underground.

Hoje é dia de festa menos porque alguma revolução ocorreu no futebol e mais porque alguma mudança ocorreu no futebol. Uma mudança pequena, mas que pode ser o germe de mudanças maiores.

Mudanças estas que não, não serão de sopetão, como quase nada é no mundo, em especial neste país ao sul do Equador, mas que serão fato, em breve. Talvez com menos espalhafato do que o necessário, mas com talvez mais mudança estrutural do que o apontado.

Está errado quem aponta que o naipe dos dirigentes envolvidos é baixo, que a rapaziada ali é mais suspeita que os compas do Kaizer Soze? Não, não está. Mas os camaradas acompanhantes do Zé da Medalha e seus opositores também não são mais os poderosos Capos de outrora, não tem mais nenhum "Caixa d'água" perambulando com seu Eurico debaixo do braço. Nenhum sujeito desses tem mais poder real e de barganha com intervenção inclusive governamental do que a junção de meia dúzia de dirigentes de clube.

Já não tinham em 1989, têm menos ainda hoje. A força da grana que ergue e destrói cosias belas tá aí e o povo do merréis não curte muito as tramitações lentas dos movimentos políticos das FERJ da vida. Se uma carta muda arbitragens, um movimento com sei lá, quatro grandes clubes já causa efervescência séria no mar do Futebol e obriga a rolar o clássico conchavo. Se em cenário Teixeiriano, com todo seu poder, nego foi obrigado a se mexer e tirar muito dinheiro do Bolso, e pelo jeito saúde pra dar e vender, pra segurar a peteca de uma mega mudança de transmissora de jogos do Campeonato Brasileiro, imagine em um quadro de dirigentes de federação rachados sob uma figura frágil de um Marin conduzido pelo inepto Del Nero.

A marcha do capetal não tá aí pra dar mole pra bandido e tá afim de ganhar dinheiro, inclusive com o naming rights sendo ditos pelas emissoras que transmitem as competições, e tá vendo que os clubes sacaram que valem grana e que tomaram baile dos aliados Teixeira, Globo, Mulambo e Gambá. Sabem também que as federações sustentaram Teixeira e por tabela a "espanholização" do campeonato Brasileiro.

O que isso significa? muita coisa. E em primeiro e mais importante lugar significa tensionamento. E o tensionamento causa mudanças, que podem ser pequenas, mas podem também ser pequenas e contínuas. O tensionamento obriga aos envolvidos a resolverem-no com maior ou menor atrito, a  negociarem ou partirem pro pau, e em tudo isso dedos e anéis dançam a dança das cadeiras.

Ninguém hoje tem o monopólio da força e do poder no futebol Brasileiro, nem a Globo. Tudo acaba por ter de ser renegociado, tudo acaba por mover Federações contentes e descontentes, clubes com gente menos ligada aos "laços" entre federações e mais ao faturamento comercial , emissoras de TV em guerra por audiência, atletas, patrocinadores. Muitas gente com pontos em contato, mas muita divergência.


O medo de "bater de frente" e ser prejudicado no Brasileiro acaba. E o acordo de silêncio de emissoras para com o Chefão idem. Aliado a isso o que se iniciou de mobilização com a presença do chefão que a tudo silenciava ganha fôlego porque mesmo com o silencio da mídia poderosa o barulho se ouviu pelas bicadas do Twitter e redes sociais. Além disso o Governo mostrou que pode e vai atuar no futebol se preciso via os trâmites que lhe competem. E se isso não é "puro", ou seja, se o governo não faz determinadas coisas "por amor', ao menos demarca um espaço de tensionamento a ele que o obrigue a dar respostas, e isso se estende agora ao futebol. 

Minhas apostas? Em primeiro lugar que não vai ter unanimidade tão cedo no futebol brasileiro e que isso vai obrigar aos clubes, por via de parceiros, patrocinadores e laços comerciais, a buscarem uma aliança que lhes dê a segurança que os contratos obrigam. Sem isso todos vão de vala, pra falência.

Em segundo lugar entendo que as federações vão reduzir de tamanho e de influência com as possíveis ligas que devem surgir a partir dos clubes maiores. Isso também pode abrir a temporada de caça ao capital no Futebol, e isso tende a exterminar clubes com menor expressão, mas ai é outro problema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gingaê!