Por Gilson Moura Henrique Júnior
As quintas e segundas-feiras são dias fundamentais. São fundadores da existência, produzem simulacros de uma cosmologia própria, uma metafísica existencial permanente, eterna, arrasadora de racionalidades de museu, de razões aparadas como um bonsai alheio ao uso e fruto do cotidiano.
As quintas e segundas-feiras são dias fundamentais. São fundadores da existência, produzem simulacros de uma cosmologia própria, uma metafísica existencial permanente, eterna, arrasadora de racionalidades de museu, de razões aparadas como um bonsai alheio ao uso e fruto do cotidiano.
Nascidos dos distantes dias pré-gênesis, os dias de quinta e segunda-feira zoam e sambam na cara do costumeiro. Traduzem tradições vestindo-as do pêndulo da glória ou do abismo.
São dias Gaia, dias que nascem das raízes da árvore da vida. São dias frutos, são dias em homenagem à ela, a bola.
A Bola, após dias inteiros de tratamento diferenciado na arte e na pancada, sob a sombra de sua feminilidade exposta como metáfora perfeita da mulher ao ser agredida, amada, poetizada e liberta, sempre sob o aspecto midiático e cultural de pelo homem, abraça seu poder de exposição como protagonista única do momento primordial do futebol: O Gol.
A Bola, esta agredida, esta amada, esta louvada, sem ser liberta dos grilhões de sua prisão em um campo, esta dita protagonista e praticamente coadjuvante sob os pés masculinos, nomes masculinos, aparece como fruto, como livre ao ir, leve, solta, ao fundo das redes.
E, como uma atriz enfeitada para delírios da geral, ela ri, mas ri num lapso, num fugaz riso das que por um momento forma êxtase ao serem livres, um parco período onde não foi conduzida, chutada. Onde, livre dos pés que a conduzem, torna-se a explosão.
Nestes dias de Gaia, apartada da negativa de seu brilho, existência e fundamentalidade, ela, a bola, renasce Gol e, sendo Gol, não se torna o oposto de sua feminilidade, mas resposta a si mesma, fruto de si mesma, eco do seu ser, explosão, refundação.
Nestes dias de Gaia ela é A Bola, ela, a que voa.
As quintas e segundas-feiras são dias fundamentais. São dias do reflexo da arte de Neymar e Messi tecendo belezas, do eco da força de um gigante calar caixas de bombons, mas antes de mais nada são dias erguidos sobre o riso da bola, sobre seu vôo.
Ela é, livre, a força que faz com que todo o resto exista.
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