O sonho da ponta da bota de conquistar
a Europa acabou. Pelo menos nessa temporada. Ontem, o Nápoli foi eliminado da Uefa
Champions League jogando um futebol apático e até um pouco covarde na
Inglaterra. O Chelsea, time de uma temporada instável e com um futebol sonolento
e burocrático não teve lá grandes dificuldades para reverter o placar do jogo
de ida, quando foi atropelado por 3 x 1 por um Napoli avassalador na Itália. Em
Londres, o time inglês enfiou um sacode de 4 x 1 e passou fácil para as quartas
de finais da liga.
Nessa temporada, o Napoli era o
representante europeu do futebol latino. Para ser mais exato, era tal qual um time
argentino quando joga Taça Libertadores: uma torcida barulhenta e apoiadora até
nos piores momentos, um jogo de muita pressão em casa, até mesmo contra
adversários tecnicamente superiores, e muito talento do meio de campo pra frente. Foi assim, por exemplo, que o Napoli
conseguiu virar o jogo de ida contra esse mesmo Chelsea. Vale ressaltar que
fazer pressão em casa contra adversários mais fortes não é lá muito comum na
Europa. De praxe, ciente de sua inferioridade técnica, um time menor se porta
como num burocrático jogo de xadrez: se fecha, tenta anular as principais
jogadas do adversário mais poderoso e, com uma disciplina tática irritante, vai
aos poucos encaixando seu jogo. Não era assim que a banda tocava no San Paolo lotado. Lá, o Napoli tacava fogo no jogo, na torcida e no adversário.
As coincidências entre o Napoli e
os hermanos continuam: o ataque é fino. Tem o matador uruguaio Cavani, o talentoso
meia-atacante argentino Lavezzi e o habilidoso chileno Vargas. Todos rápidos e
de decisões inteligentes. É comum um deixar o outro na cara do gol, e a raça
pra jogar bola sobra; o problema é que a argentinização continua na outra ponta do time. Assim como os conterrâneos de Messi, o Napoli tem
uma defesa frágil (exceção honrosa ao goleiro De Sanctis). Junto com a apatia do jogo da volta, a defesa foi a sua ruína na liga.
Esse DNA latino, aliás, vem de longa
data. O melhor Napoli de todos os tempos era o da dupla Maradona e Careca. Esse
time também contava com a inteligência do Alemão no meio campo. Foram bi
campeões italianos e campeões da Copa da Uefa (atual Uefa League). Diz a lenda,
ainda, que a torcida italiana que lotava o San Paolo, em Napoles, na
seminifinal da Copa do Mundo de 1990 entre Itália e Argentina estava dividida.
Uma parte torcia pela pátria, já a outra não esquecia que era napolitana e sulista e que, em geral, era vítima dos preconceitos mais imbecis por parte de seus conterrâneos do norte rico. Essa metade ficou feliz quando a Argentina passou para a final depois de vencer os italianos nos pênaltis.
Uma parte torcia pela pátria, já a outra não esquecia que era napolitana e sulista e que, em geral, era vítima dos preconceitos mais imbecis por parte de seus conterrâneos do norte rico. Essa metade ficou feliz quando a Argentina passou para a final depois de vencer os italianos nos pênaltis.
De agora em diante, o que sobra
na UCL são figurinhas carimbadas: Barcelona, Real Madrid, Milan, Chelsea, Bayern de
Munique... Todos poderosos. Ainda, figuram outros dois tradicionais, mas com um
pouco menos de grife: Benfica e o novo rico Olympique de Marselha. Fechando a
lista, a zebraça cipriota Apoel. A Libertadores ficou órfã de seu único representante
na UCL. Uma pena.
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