sexta-feira, 9 de março de 2012

Leiteria - Buenas, Vieja!

Por Gilson Moura Henrique Júnior

Desculpem a  intimidade do neófito.  Este novato nos encantos sul-americanos, no bailado da Vieja Copa, sabe que existem casos mais antigos, casamentos tórridos, laços fortes com outros tricolores e alvinegros, mas é inexplicável e pecado não amá-la. 

Apesar de nunca ter consumado os finalmentes da sedução desta que, como poucas, sabe ser a perigosa e mítica mulher fatal para corações boleiros, a paixão permanece e fidalga busca com seriedade e esforço ganhar a mão da difícil, dura e deliciosa Libertadores.

Chegamos perto, eu sei, perto demais. Roçamos o céu da consumação deste amor e o perdemos para um condor andino que há tempos, e oculto nas sombras da humildade copeira, cercava-a. Fomos soberbos, fomos ávidos demais, confesso, e por isso voltamos com a seriedade grave necessária para, passo a passo, conquistarmos a mão desta que, volúvel, buscará outros nos próximos anos.

Primeiro sofremos para superar o medo de uma nova empreitada e superamos Arsenais com o suor dos abnegados antes mesmo de estarmos prontos para novas ações, novos vôos.  Sim, estamos no início, sabemos, mas cada passo é fundamental para a construção do amor e de um laço como se  marcado a ferro na pele da amada com o nome do conquistador.

No segundo passo ganhamos a caixa de bombom mais ferozmente defendida de todo o continente, e com a autoridade dos firmes, sem o histrionismo dos levianos, prontos para entender que a concentração e a eficiência, a seriedade e a paixão, com o romantismo contido dos guerreiros, conquistamos este presente e esta prova de um amor incondicional.

Claro que sorrisos desdenhosos de antigas e poderosas paixões tricolores e alvinegras, com cada um três poderosas marcas do amor gravadas na pele, pulularão aqui e acolá. Claro que o desdém vermelho e azul, a sanha "popular", todos sorrirão com ódio incontido pela audácia deste velho burguês depois de tanto tempo sair de seu castelo regional e buscar logo a mão da mais cobiçada rainha.

Claro que todos dirão: "Lá vem o decadente!". E rirão alto, e seguros de sua potência como quem grita de esquina a esquina segredos inconfessáveis.

E este velho, sabedor de suas artes e mágicas, das artes e mágicas desta irmandade Sul-Americana que tão perto nos tocou quando nos roubaram a glória, as mesmas mãos andinas, guardará em si a fome, a força que sempre o guiou para fundar no solo pátrio parte da história do futebol, que o tirou do inferno mais profundo para os píncaros da glória, e com a seriedade dos gigantes seguirá passo a passo.

Estamos aqui, te olhamos com o respeito e a ousadia necessárias, misturadas com a precisão de connoisseur, e, passo a passo, te buscamos. 

O coração da conquista é um velho conhecido, uma lição que aprendemos e com sagacidade melhoramos, e o trouxemos de volta pra casa para nos conduzir com amor e com vigor para deitarmos em teu colo.

Um velho maestro conduz com calma, luz e poesia a orquestra.

Estamos de novo aqui, Vieja! E não estamos brincando!

2 comentários:

  1. Belo texto, e ótimas ilustrações. Esse post é uma pérola.

    Desculpe a demora, Gilson. E parabéns pela obra. Já espero ansioso o texto desta semana. :)

    Saudações Tricolores,
    PC

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