Editorial - Lucas Morais e Gilson Moura Henrique Junior
Com a queda de Ricardo Teixeira da Confederação Brasileira de Futebol, o dia de hoje mostra ser fruto de profundas mudanças no futebol brasileiro e terá profundos impactos sobre este. É que as placas tectônicas econômicas-políticas mexeram tanto que precisaram renovar a sua superestrutura. Em miúdos: a CBF ficou obsoleta para as novas forças econômicas que emergem.
O futebol brasileiro hoje conta com empresas do porte de BMG, Unimed, Bradesco, 9Nine, Traffic e Sonda. É sabido que estas e outras empresas usam clubes como intermediários, vitrines, sócios, entre outras coisas.
Esse é justamente o momento capital em que essas e outras empresas dos bastidores do futebol brasileiro terão sua chance para impor a sua força, a força do capital, enquanto as arcaicas federações, sustentadas como capitanias hereditárias e estruturadas com base na troca de favores, tendem a perder poder político nesse novo contexto que se abre, em que os clubes de futebol provavelmente atuarão como porta-vozes das empresas associadas.
Para este novo cenário, torna-se necessário um ator que transite entre o espaço institucional do Estado brasileiro, o Governo, e também entre o capital (empresas) e os clubes, permitindo uma relação entre os clubes e o capital com maior independência, sem a intervenção da Confederação nas competições, permitindo inclusive o surgimento de uma liga onde o fluxo de capitais seja caudaloso. Além disso, a saída pode ser tentadora para uma CBF que pode passar a cuidar especificamente da seleção, seu produto mais lucrativo. Fernando Sarney é um dos nomes cogitados, o que pode indicar que a ideia de uma relação da CBF com o Estado brasileiro com, digamos, maior intimidade, especialmente em momentos pré-Copa.
Atualmente, pode-se perceber 9Nine, Traffic, Sonda, cada uma a seu modo, intermediando rios de dinheiro com jogadores, imagem, placa de publicidade, mercadorias diversas, planos de sócio torcedor e direitos de transmissão. A Globo está pressionada, já que a Fox, de Rupert Murdoch, e os demais monopólios internacionais da comunicação podem, agora, adquirir direitos de transmissão para TVs abertas. Em dois anos o pau vai comer solto, e muita água correrá por debaixo da ponte. Já temos os principais players em campo, cabe acompanhar e pressionar pelas mudanças que privilegiem a melhoria do futebol nacional.
O Brasil está experimentando nos anos recentes uma modernização e renovada inserção na economia política internacional. Nada mais natural que o futebol também entre neste novo cenário, e também passe por mudanças
Até por quê, vamos combinar: o capitalismo no futebol precisa escoar suas mercadorias, já que os negócios nas potências capitalistas não vão nada bem.
Se saem de cena enfraquecidas as oligarquias da CBF, entram fortalecidas as empresas do futebol brasileiro e internacional.
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