terça-feira, 5 de junho de 2012

Leiteria - Sobre a Fodacidade

Pro Gilson Moura Junior

A Fodacidade não existe antes de ser criada. 

Parece óbvio, mas não é.  Não há Fodacidade com humildade ou a ausência de galhardia.

Não há Fodacidade sem o riso fácil, o gargalhar e o zoar.  Maroto sim, oculto nunca!

A Fodacidade é a mãe primeira da antiguidade cascalhada na malemolência. É prima dileta da risada marcante, da troça rebelde, anti bons modos.

A Fodacidade ri do surdo, sacaneia o cego, pede ao cadeirante pra dar uma voltinha, sem no entanto humilhá-lo, sem tornar-se dele como um outro, um opressor. 

A Fodacidade não humilha, provoca.

Todo carioca nasce na Fodacidade até ser pego nas tramas e tranças da repartição, do eixo rodoviário, do consórcio do Fiat Palio, na querência de ser Playboy ou no desejo de ser da Globo, se fazer parte daquele riso RJTV.

Quando o carioca perde a Fodacidade, aquele jeito de saber onde é Maria da Graça e falar com desdém do Leblon, quando o carioca perde isso se torna uma espécie de paulista, mas sem sotaque e imaginação, sem vontade de quebrar tudo e sem nenhum senso de luta de classes, tá ligado?

A Fodacidade é o eixo de Paudurecência (Grelecência pras mulheres) formatador do carioquismo roots, aquele que ruleia no desandar cínico da esperança vã e que mergulha e nada de braçada na fé irracional no impossível.

A Fodacidade é prima-irmã da Cosmicidade e tem um quê de genérica do Flafluzismo.

A Fodacidade é como saber o que é um Fla x Flu por dentro, mas sem o jeito de corpo de nascença.

A Fodacidade é antes de tudo nascer no Rio e usar outras cores. 

Quem sabe o que é um Fla x Flu por dentro já manja de Cosmicidade, mas ai já é outro papo.

3 comentários:

Gingaê!