segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Campinho da Aldeia Velha - Flamengo de Arcoverde: mais um ano fora da série A2


 Por Victor Freire

O Clube de Regatas Flamengo, aquele famoso do Rio de Janeiro, é objeto pra uma análise fria, imparcial, mas acima de tudo sob a luz da ciência social e histórica: é um clube conhecido por sua gestão atabalhoada, pra dizer o mínimo (Ronaldinho que o diga), e com uma recente carência de títulos importantes (só um Brasileiro, 2009) incondizente com sua pretensa grandeza.

Imagem meramente ilustrativa
Ainda assim, conquista uma quantidade impressionante de torcedores até mesmo fora de sua origem, em estados menores e interior de estados maiores de Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os famosos torcedores pé-de-rádio, ou pé-de-boteco-com-pfc, ou ainda, derrogatoriamente, paraibacas, compõem, arrisco, mais de 80% da nação urubu. E tome “mengaum” pra lá, “mengaum” pra cá...

Mas foi este anacrônico Flamengo que inspirou o rubro-negro (ugh!) de minha cidade natal. O  Flamengo Esporte Clube de Arcoverde, Pernambuco, foi fundado em 1959 e sempre teve boas atuações nos estaduais, com bom público em sua casa, o ex-municipal Souto Maior, hoje Áureo Bradley.

O primeiro jogo de futebol profissional que eu já vi na vida foi do Flamengo, lá pelos meus 3, 4 anos de idade. Eu já vi fotos dos anos dourados do Flamengo de Arcoverde, de sua fundação e primeiras campanhas, cheguei até a acompanhar um pouco de suas boas campanhas na segunda metade da década de 90. Até meu pai, tricolor arrudeiro como eu, associou-se ao time.

E ao que parece, foi só. Uma das maiores tristezas pra mim é ver um clube com história não disputar um campeonato de porrinha que seja. Um campeonato qualquer, que valha uma grade de cajuína Hiran. É justamente o que está acontecendo com o time de lá, com razões que variam de um ano pra outro: primeiro, cedeu lugar a um certo “Arcoverde Futebol Clube”; depois, a ausência de um médico esportivo na ficha de inscrição.

Surgiram então uns empresários trambiqueiros de SP que prometeram reerguer o time, mas aliciaram uns perronhas e ficaram sem pagar os pobres coitados, sumindo com a grana depois. Este ano, foi a reprovação do Áureo Bradley pela FPF, que está jogado às moscas pela prefeitura, doida pra vendê-lo para algum empreendimento imobiliário colocá-lo abaixo.

Muitos fatores contribuem para a derrocada do Flamengo de Arcoverde: a péssima gestão, tanto da parte dos dirigentes quanto da Liga Desportiva Arcoverdense; a situação econômica da cidade, que há muito tempo não desponta com força no sertão pernambucano; e a falta de mobilização dos moradores e da prefeitura da cidade, pouco interessados com o patrimônio esportivo local, que já levou à dilapidação tanto do estádio quanto do Centro de Educação Física, outrora palco de uma ativa e organizada vida desportiva.
Outras cidades e times no interior de Pernambuco (Surubim, Petrolândia, Ouricuri, e até mesmo Garanhuns, com 150 mil habitantes e uma economia considerável) passam pelo mesmo mal, até onde eu sei. Mas o caso de Arcoverde e do Flamengo de lá é um dos mais emblemáticos. E, pela proximidade, como dói ver esta situação...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gingaê!