Por Victor Freire
O Clube de Regatas
Flamengo, aquele famoso do Rio de Janeiro, é objeto pra uma análise
fria, imparcial, mas acima de tudo sob a luz da ciência social e
histórica: é um clube conhecido por sua gestão atabalhoada, pra
dizer o mínimo (Ronaldinho que o diga), e com uma recente carência
de títulos importantes (só um Brasileiro, 2009) incondizente com
sua pretensa grandeza.
Imagem meramente ilustrativa |
Ainda assim, conquista
uma quantidade impressionante de torcedores até mesmo fora de sua
origem, em estados menores e interior de estados maiores de Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. Os famosos torcedores pé-de-rádio, ou
pé-de-boteco-com-pfc, ou ainda, derrogatoriamente, paraibacas,
compõem, arrisco, mais de 80% da nação urubu. E tome “mengaum”
pra lá, “mengaum” pra cá...
Mas foi este anacrônico
Flamengo que inspirou o rubro-negro (ugh!) de minha cidade natal. O Flamengo Esporte Clube de Arcoverde, Pernambuco, foi fundado em 1959
e sempre teve boas atuações nos estaduais, com bom público em sua
casa, o ex-municipal Souto Maior, hoje Áureo Bradley.
O primeiro jogo de
futebol profissional que eu já vi na vida foi do Flamengo, lá pelos
meus 3, 4 anos de idade. Eu já vi fotos dos anos dourados do
Flamengo de Arcoverde, de sua fundação e primeiras campanhas,
cheguei até a acompanhar um pouco de suas boas campanhas na segunda
metade da década de 90. Até meu pai, tricolor arrudeiro como eu,
associou-se ao time.
E ao que parece, foi
só. Uma das maiores tristezas pra mim é ver um clube com história
não disputar um campeonato de porrinha que seja. Um campeonato
qualquer, que valha uma grade de cajuína Hiran. É justamente o que
está acontecendo com o time de lá, com razões que variam de um ano
pra outro: primeiro, cedeu lugar a um certo “Arcoverde Futebol
Clube”; depois, a ausência de um médico esportivo na ficha de
inscrição.
Surgiram então uns
empresários trambiqueiros de SP que prometeram reerguer o time, mas
aliciaram uns perronhas e ficaram sem pagar os pobres coitados,
sumindo com a grana depois. Este ano, foi a reprovação do Áureo
Bradley pela FPF, que está jogado às moscas pela prefeitura, doida
pra vendê-lo para algum empreendimento imobiliário colocá-lo
abaixo.
Muitos fatores
contribuem para a derrocada do Flamengo de Arcoverde: a péssima
gestão, tanto da parte dos dirigentes quanto da Liga Desportiva
Arcoverdense; a situação econômica da cidade, que há muito tempo
não desponta com força no sertão pernambucano; e a falta de
mobilização dos moradores e da prefeitura da cidade, pouco
interessados com o patrimônio esportivo local, que já levou à
dilapidação tanto do estádio quanto do Centro de Educação
Física, outrora palco de uma ativa e organizada vida desportiva.
Outras cidades e times
no interior de Pernambuco (Surubim, Petrolândia, Ouricuri, e até
mesmo Garanhuns, com 150 mil habitantes e uma economia considerável)
passam pelo mesmo mal, até onde eu sei. Mas o caso de Arcoverde e do
Flamengo de lá é um dos mais emblemáticos. E, pela proximidade,
como dói ver esta situação...
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