quarta-feira, 13 de junho de 2012

Moeda em Pé - São Paulo x Santos, quando o ruim é magistral

Por Fernando Amaral, vulgo Quodores

A broca, mas a broca mesmo, o prego na roda, quando a gente é convidado a escrever num blogue batuta é que temos vontade de escrever, mesmo sem ter o quê. É verdade que o blogue batuta em questão é sobre futebol e sobre o ludopédio sempre há alguma cousa que tenha que ser escrita: das obviedades lunares ao canto da torcida, dos lororós acadêmicos sobre tática, encaixe, volante e ponta de lança aos porres triunfais das vitórias espetaculares, da galhofa ao vizinho ao trem da dor da ilusão perdida. E, confesso, essas ilusões perdidas sempre rendem... Como o cotovelo é um órgão mágico, concluo sempre: as melhores estórias são as do cotovelo. Mas, ando sem inspiração...

Venhamos e convenhamos, minha proposta cá neste espaço generoso que me foi disposto é escrever sobre o São Paulo Futebol Clube e suas epopeias - porque todos sabem em todos os mundos que o destino do São Paulo são as epopeias, pois as histórias comesinhas, o "rame rame”, o cotidiano não nos dão barato – e esta missão ultimamente é árdua. O São Paulo ultimamente tem se dedicado de forma singela e mequetrefe a construir banalidades, frivolidades, coisas típicas para assanhar jornal. Mas as epopeias, como a fantástica história da “Moeda em Pé”, estas estão ficando nas prateleiras da memória, como se o nosso hino espetacular e soberbo fosse, na verdade, vaticínio: “as suas glórias, vem do passado.”.


Juvenal Juvêncio banalizou o São Paulo. De diretor e presidente responsável pela criação e gestão de um dos times mais vitoriosos e briosos da história sagrada do nosso manto se transformou num cartola típico de filme de caubói, de novela das oito ou de policial enlatado. A alteração do estatuto do clube e a maldita usurpação da taça das bolinhas maculam completamente nosso branco, tiram o sangue do nosso vermelho e enfurecem o nosso preto até o limite da desonra. 


Mas não quero falar dessas coisas terrenas, que me dão engulhos, náuseas, vômitos, cóleras fulminantes, triglicérides violentas e colesteróis abruptos. Quero as nossas arrogâncias no devido lugar: de orgulho e não de teimosia e soberba. 

Escrevo estas bobeiras sentimentais só para expor o quanto foi trágica a partida de domingo passado contra o Santos Futebol Clube. Uma das partidas mais horrorosas, fantasticamente péssimas, extraordinariamente terríveis que tive o prazer de assistir, pela TV é verdade. A partida foi de uma bizonhice tão singular que restituiu minha crença na vocação milenar do “Mais Querido” que são as grandes epopeias, as jornadas incríveis, o domínio do mundo pela razão: A partida foi tão maravilhosamente tenebrosa que se tornou uma grandiosa e eloquente demonstração da ruindade universal. Não é pouco! E ganhamos! Com gol de Paulo Miranda, o mais apupado dos seres humanos. O São Paulo é isso: De uma grandeza imperial, ímpar, sui generis. Até na ruindade. 






E por fim, Émerson Leão é arrogante, chato, prepotente, coronelzão. Mas é tudo fachada. É, na verdade e unicamente, boleiro. Talvez esteja ultrapassado na forma de pensar taticamente a disposição do time, mas poucos entendem tão bem este mundo tão legal que era o futebol antes do teipe, do tira-teima, do “fair play”, da “arena” e das pantufas nas arquibancadas. Suas entrevistas pós- jogo são dignas de nota, sempre. Repletas de lugares comum, do “time fez por onde”, mas de finas ironias quando fala do desempenho dos jogadores e dos jornalistas, de sarcasmo e de humor. E depois que deixou aquele ridículo acaju para assumir a juba branca, virou um senhor de respeito. Não é pouco! Mas por todas as caçarolas atômicas do universo: O Fernandinho, de titular, outra vez, nunca mais!



13.06.2012


Ps. As fotos, retirei da internet. E o desenho do "Grandes Ídolos" é do sítio oficial do SPFC, desenho do grande Batistão.

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