Lucas Morais
Após a vitória por 5 a
1 do Galo sobre o Náutico, o time mostra que ainda tem muito
futebol a mostrar para a massa alvinegra, esta que ontem tomou alguns
pontos tradicionais das ruas de Belo Horizonte para festejar o bom
resultado, coisa que não se via de fato desde a época (2009-2010) em que os
atacantes Tardelli e Obina goleavam o Flamengo, ou o Cruzeiro, quando o time levava sequência de vitórias sobre outros rivais e adversários. A última festa da massa foi a carreata do Independência até a sede do clube no bairro Lourdes para bebemorar o título invicto no Campeonato
Mineiro, o 41º da história do clube de 100 campeonatos realizados.
Mas as cicatrizes da derrota por 6 a 1 para o rival no ano passado
ainda permanecem, apesar das promessas de um novo tempo para o Galo.
A alegria do torcedor
não vem somente pela vitória de ontem, mas sim pelos resultados
positivos obtidos contra o Corinthians e o Palmeiras. Foram duas
vitórias suadas, por 1 a 0, dentro e fora de casa, respectivamente, sendo que, no segundo jogo, contra o Palmeiras, contou-se dois
gols mal-anulados pelo juiz, que fez arbitragem caseira, assim como ocorreu contra o São Paulo e Corinthians. O empate em casa contra o Bahia, com um gol-surpresa de Fahel, em um
rápido contra-ataque, e a derrota no Morumbi, para um decadente São
Paulo, em jogo que o Galo teve tudo para vencer (exceto a necessária pontaria na
hora de decidir), fizeram pesar sobre as costas do garoto de apenas 19 anos, Bernard, que deve ter tido sua orelha quase
derretida de tanta bronca da massa. Entretanto, no jogo contra o
Náutico Bernard criou ótima jogada, tabelada com Jô, e chutou
perfeitamente ao gol, sem chances para o goleiro.
É uma pena que a
arbitragem tenha favorecido o Galo com o pênalti inexistente sobre o
Jô que, como todo atacante, foi malandro, mas o time tinha condições
de virar, apesar do empate adverso e mereceu indiscutivelmente a vitória. O que entristece é como a CBF
tem prejudicado o Galo quando este joga contra adversários do Rio de
Janeiro e São Paulo, enquanto quando joga com clubes nordestinos ou
do Centro Oeste, é privilegiado pela arbitragem. E dizem que isso é
papo de torcedor... Bem, só se o torcedor for o único a constatar
essa realidade que se põe a cada Brasileirão para o Atlético.
O jogo, apesar da
facilidade para os três gols que vieram após o desempate, foi bom,
com o Náutico, que mescla jogadores jovens e experientes, oferecendo
perigo a cada contra-ataque, mas sendo bem anulado pelo sistema
defensivo atleticano. É verdade que o Atlético tinha condições de
vencer o Bahia e o São Paulo, entretanto, há que se destacar que
ambos jogos se deram em meio à transição do meio-campo e do
ataque, com a incorporação de Jô e Ronaldinho Gaúcho quase
simultaneamente, ambos sempre muito marcados pelos adversários.
Foram cinco pontos
perdidos, que poderiam colocar o Galo em primeiro lugar na tabela com
folga em relação ao arquirrival Cruzeiro, hoje, com 18 pontos. Mas,
são somente seis (boas) rodadas de trinta e oito. Por outro lado, o
time mostra ter hoje um sistema defensivo mais competitivo, com
excelentes atuações de Réver e Rafael Marques, com boas transições
pelas laterais de Júnior César e Marcos Rocha, ambos dando
estabilidade às laterais rumo ao ataque e na marcação, enquanto Ronaldinho
trabalha como organizador distribuindo as jogadas e as bolas paradas.
Danilinho dá velocidade, ajuda Marcos Rocha e o batalhador Leandro
Donizete na marcação, que sentiu falta se Pierre nesse sábado pela
referência que é. Mas Serginho e Leandro Donizete também são
volantes dignos de confiança, apesar de um erro ou outro. O goleiro
Giovanni, por enquanto, tem feito boas defesas. Ressalto o “por
enquanto” porque a massa ainda não se contenta com um goleiro
jovem: quer um medalhão, como um Júlio Cesar por exemplo, para ter
estabilidade em jogos decisivos.
Hoje, o Galo tem elenco
e, com a volta do atacante Neto Berola e do (possivelmente)
meia-atacante Guilherme do departamento médico, o clube terá muita
força ofensiva. Fora que há alternativas, como o próprio Juninho,
recém-contratado, que estava no Atlético Goianiense, o atacante da
base Paulo Henrique, o próprio André, que felizmente perdeu a
condição de titular absoluto no ataque, já que ficou acomodado pelo bafafá da imprensa nacional e regional. Jô
tem feito um ótimo trabalho como pivô, pois dificilmente perde a
bola quando esta vem de um passe certo, pelo alto ou por baixo, e
consegue, quando não sofre falta, tabelar com Bernard (1o gol contra
o Náutico), Ronaldinho, Danilinho ou até o Marcos Rocha.
A decepção atende
hoje pelo nome de Richarlyson, que realizou um fraco primeiro tempo
ontem diante do Náutico e foi sacado corretamente por Cuca logo aos 36 minutos para a entrada
de Serginho, que fez um grande jogo e até perdeu gol. Richarlyson só
foi ser achado por policiais militares, quando dirigia sua Porsche no
Centro de Belo Horizonte, sendo pego no bafômetro e levado à
delegacia, e então liberado. Richarlyson vem de uma sequência muito
ruim no Atlético. É verdade que fez um jogo excepcional diante do
América e teve uma ou outra sequência regular, mas o saldo geral é
péssimo, em jogos importantes atua como um adversário, já que seus
erros e vacilos tem sido constantes.
É certo que o fator
Novo Independência, recém-inaugurado no bairro Horto, região Leste (residencial e tradicional) da capital mineira, ao trazer o futebol do
Atlético novamente para Belo Horizonte traz também a grandeza do
time, criando aquela química que toma conta da cidade quando o clube
está brigando por coisas grandes. É verdade também que Ronaldinho Gaúcho
está tomando gosto pelo momento vivido no clube, como vários outros
jogadores desacreditados: “Maravilhoso, quando mais depois do jogo
receber esse tipo de carinho. É tudo que a gente mais quer. Nós
últimos dois anos, a torcida do Atlético sofreu bastante e, agora,
em todo jogo a gente quer o estádio cheio. A gente quer fazer essa
pressão e essa conexão da torcida com os jogadores tem tudo para
dar certo. Com a força desse torcedor, vai ser difícil parar a
gente”, disse após o jogo.
Nesse campeonato
veremos a potencialidade de um time que hoje tem um treinador de
ponta, com preparador de goleiros, técnico e médico da seleção
brasileira, jogadores competitivos, a volta ao futebol a Belo
Horizonte, dinheiro em caixa para contratações pontuais e somente
duas derrotas neste ano, além de ter se livrado de alguns jogadores incompatíveis com as necessidades desse elenco. Tropeços virão e são naturais, a questão
é se este time terá condições de se superar quando tudo estiver contra o Galo. O acesso à Libertadores é
questão de tempo e o título exigirá muito sacrifício de cada um desta
equipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Gingaê!