domingo, 24 de junho de 2012

Solucionática: Somente seis rodadas para o Galo?



Lucas Morais

Após a vitória por 5 a 1 do Galo sobre o Náutico, o time mostra que ainda tem muito futebol a mostrar para a massa alvinegra, esta que ontem tomou alguns pontos tradicionais das ruas de Belo Horizonte para festejar o bom resultado, coisa que não se via de fato desde a época (2009-2010) em que os atacantes Tardelli e Obina goleavam o Flamengo, ou o Cruzeiro, quando o time levava sequência de vitórias sobre outros rivais e adversários. A última festa da massa foi a carreata do Independência até a sede do clube no bairro Lourdes para bebemorar o título invicto no Campeonato Mineiro, o 41º da história do clube de 100 campeonatos realizados. Mas as cicatrizes da derrota por 6 a 1 para o rival no ano passado ainda permanecem, apesar das promessas de um novo tempo para o Galo.

A alegria do torcedor não vem somente pela vitória de ontem, mas sim pelos resultados positivos obtidos contra o Corinthians e o Palmeiras. Foram duas vitórias suadas, por 1 a 0, dentro e fora de casa, respectivamente, sendo que, no segundo jogo, contra o Palmeiras, contou-se dois gols mal-anulados pelo juiz, que fez arbitragem caseira, assim como ocorreu contra o São Paulo e Corinthians. O empate em casa contra o Bahia, com um gol-surpresa de Fahel, em um rápido contra-ataque, e a derrota no Morumbi, para um decadente São Paulo, em jogo que o Galo teve tudo para vencer (exceto a necessária pontaria na hora de decidir), fizeram pesar sobre as costas do garoto de apenas 19 anos, Bernard, que deve ter tido sua orelha quase derretida de tanta bronca da massa. Entretanto, no jogo contra o Náutico Bernard criou ótima jogada, tabelada com Jô, e chutou perfeitamente ao gol, sem chances para o goleiro.

É uma pena que a arbitragem tenha favorecido o Galo com o pênalti inexistente sobre o Jô que, como todo atacante, foi malandro, mas o time tinha condições de virar, apesar do empate adverso e mereceu indiscutivelmente a vitória. O que entristece é como a CBF tem prejudicado o Galo quando este joga contra adversários do Rio de Janeiro e São Paulo, enquanto quando joga com clubes nordestinos ou do Centro Oeste, é privilegiado pela arbitragem. E dizem que isso é papo de torcedor... Bem, só se o torcedor for o único a constatar essa realidade que se põe a cada Brasileirão para o Atlético.

O jogo, apesar da facilidade para os três gols que vieram após o desempate, foi bom, com o Náutico, que mescla jogadores jovens e experientes, oferecendo perigo a cada contra-ataque, mas sendo bem anulado pelo sistema defensivo atleticano. É verdade que o Atlético tinha condições de vencer o Bahia e o São Paulo, entretanto, há que se destacar que ambos jogos se deram em meio à transição do meio-campo e do ataque, com a incorporação de Jô e Ronaldinho Gaúcho quase simultaneamente, ambos sempre muito marcados pelos adversários.


Foram cinco pontos perdidos, que poderiam colocar o Galo em primeiro lugar na tabela com folga em relação ao arquirrival Cruzeiro, hoje, com 18 pontos. Mas, são somente seis (boas) rodadas de trinta e oito. Por outro lado, o time mostra ter hoje um sistema defensivo mais competitivo, com excelentes atuações de Réver e Rafael Marques, com boas transições pelas laterais de Júnior César e Marcos Rocha, ambos dando estabilidade às laterais rumo ao ataque e na marcação, enquanto Ronaldinho trabalha como organizador distribuindo as jogadas e as bolas paradas. Danilinho dá velocidade, ajuda Marcos Rocha e o batalhador Leandro Donizete na marcação, que sentiu falta se Pierre nesse sábado pela referência que é. Mas Serginho e Leandro Donizete também são volantes dignos de confiança, apesar de um erro ou outro. O goleiro Giovanni, por enquanto, tem feito boas defesas. Ressalto o “por enquanto” porque a massa ainda não se contenta com um goleiro jovem: quer um medalhão, como um Júlio Cesar por exemplo, para ter estabilidade em jogos decisivos.

Hoje, o Galo tem elenco e, com a volta do atacante Neto Berola e do (possivelmente) meia-atacante Guilherme do departamento médico, o clube terá muita força ofensiva. Fora que há alternativas, como o próprio Juninho, recém-contratado, que estava no Atlético Goianiense, o atacante da base Paulo Henrique, o próprio André, que felizmente perdeu a condição de titular absoluto no ataque, já que ficou acomodado pelo bafafá da imprensa nacional e regional. Jô tem feito um ótimo trabalho como pivô, pois dificilmente perde a bola quando esta vem de um passe certo, pelo alto ou por baixo, e consegue, quando não sofre falta, tabelar com Bernard (1o gol contra o Náutico), Ronaldinho, Danilinho ou até o Marcos Rocha.

A decepção atende hoje pelo nome de Richarlyson, que realizou um fraco primeiro tempo ontem diante do Náutico e foi sacado corretamente por Cuca logo aos 36 minutos para a entrada de Serginho, que fez um grande jogo e até perdeu gol. Richarlyson só foi ser achado por policiais militares, quando dirigia sua Porsche no Centro de Belo Horizonte, sendo pego no bafômetro e levado à delegacia, e então liberado. Richarlyson vem de uma sequência muito ruim no Atlético. É verdade que fez um jogo excepcional diante do América e teve uma ou outra sequência regular, mas o saldo geral é péssimo, em jogos importantes atua como um adversário, já que seus erros e vacilos tem sido constantes.

É certo que o fator Novo Independência, recém-inaugurado no bairro Horto, região Leste (residencial e tradicional) da capital mineira, ao trazer o futebol do Atlético novamente para Belo Horizonte traz também a grandeza do time, criando aquela química que toma conta da cidade quando o clube está brigando por coisas grandes. É verdade também que Ronaldinho Gaúcho está tomando gosto pelo momento vivido no clube, como vários outros jogadores desacreditados: “Maravilhoso, quando mais depois do jogo receber esse tipo de carinho. É tudo que a gente mais quer. Nós últimos dois anos, a torcida do Atlético sofreu bastante e, agora, em todo jogo a gente quer o estádio cheio. A gente quer fazer essa pressão e essa conexão da torcida com os jogadores tem tudo para dar certo. Com a força desse torcedor, vai ser difícil parar a gente”, disse após o jogo.

Nesse campeonato veremos a potencialidade de um time que hoje tem um treinador de ponta, com preparador de goleiros, técnico e médico da seleção brasileira, jogadores competitivos, a volta ao futebol a Belo Horizonte, dinheiro em caixa para contratações pontuais e somente duas derrotas neste ano, além de ter se livrado de alguns jogadores incompatíveis com as necessidades desse elenco. Tropeços virão e são naturais, a questão é se este time terá condições de se superar quando tudo estiver contra o Galo. O acesso à Libertadores é questão de tempo e o título exigirá muito sacrifício de cada um desta equipe. 

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