terça-feira, 17 de abril de 2012

Leiteria - Por uma arte Libertadora!

Futebol Arte é uma categoria estranha pra mim. Como zagueiro fui muito mais um amante de belíssimas e difíceis roubadas de bola, de carrinhos, de camisas rasgadas talvez de alguma violência leve do que de dribles e lançamentos.

Em meu blog anterior, sacrificado pra Nelson, inclusive havia criado a categoria de zagueirante, que é o amante do Futebol-Marte, aquele futebol criado em leite de onça com sangue de novilho virgem, ou de atacante adversário, dependendo da cultura.

De alguma forma a loucura do jogo sempre me foi mais importante do que a beleza dos passes e dribles, a pancadaria, o escorregar, o grito, o suar, a fúria, sempre foram muito mais ligados no meu padrão estético que dribles e passes. Não que não goste da arte, mas ela em si, ela estética, sem o furor do peso de um estádio rosnando, de pedras jogadas no batedor de escanteio, sempre me foi estéril.

Admiro quem curta a arte e sinta saudades de uma idade do ouro da bola, mas sinto  uma paixão enorme pelo futebol como um jogo onde perco a razão ao torcer e grito, e urro pela bola roubada, pelo gol feito meio entre uma mistura de bola roubada com contra ataque em velocidade, defesa bem postada e mortal. Sinto uma paixão enorme pela imensa presença do estádio na Libertadores, uma competição onde a organização é sim falha, mas antes de mais nada respira uma cultura de participação que não existe em outro lugar do mundo.Por isso o Barcelona me irrita, a Champions League me irrita.

O Barcelona me irrita por ser um belíssimo conjunto de uma arte tediosa e a Champions League me parece uma ópera esteticamente bela, com atores focados, mas falta o público, aquele simpático torcedor que está no campo com cada alvo de sua paixão.

Gosto do Futebol-Marte, construído em uma luta intestina à América e desenhado com o nome de guerreiros que venceram a metrópole Espanha e não com o nome de Copa dos Campeões. A arte do Futebol-Arte está ali, está presente no futebol do Deus da guerra, mas vestindo armaduras e diante de torcedores e não espectadores, de guerreiros do grito, auxiliares dos guerreiros da bola.

Obviamente não desprezo o futebol europeu ou sua técnica e nem acho que as pedras jogadas nos batedores de corner são coisas admiráveis, mas aprendi que elas existem e que a ausência delas não faz superior a estética operística, mantida até pelos patrocinadores, que a Champions League adotou como modelo. 

A Libertadores precisa se organizar, reduzir a violência e permitir a torcida, o grito, a fúria da  paixão gritada, que desorienta, mas não pode virar essa espécie de teatro que virou a Liga dos Campeões da Europa.

Que nossa arte não seja zagueirante, agradando completamente este ogro, eu aceito, mas que nossa arte respeite seu nome e seja Libertadora.

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