Por Gilson Moura Junior.
Antes de mais nada esse não se pretende um post desexaltação nem um post irônico, juro...
Demorei esses dias todos para escrever sobre Futebol para absorver alguns impactos pessoais e futebolísticos da semana e sem sombra de dúvida o evento eliminação do Flamengo foi um deles.
A derrota do Fluminense, comigo no estádio, foi imensamente dolorosa, por motivos mil, alguns deles foram que em meus 38 anos de vida pouco vi o Fluminense perder no estádio, a quebra da invencibilidade em jogos internacionais que durava longos 27 anos e a própria derrota em si, que como toda derrota dói pra diabo.
Além disso a fábrica de posts estava cansada, sonada e poética.
Mas a histórica eliminação do Flamengo da libertadores de 2012 não podia ser deixada ao léo, sem uma nota sequer neste sitio que se pretende um anárquico porto seguro pra futeboleiros.
A vitória épica, bem jogada em campo, do esquadrão de Love e R10, era algo esperado, até porque muito estava em jogo, mas não foi páreo para a noite, onde a historicidade e dramaticidade do dia estavam ai pra isso, pra esculhambar o rame rame diário, essa vidinha de espetáculos esperados e profusões de milagres e "Flamengo é Flamengo" que em roteiro algum de nenhum outro criador, talvez nem dele, Nelson Rodrigues, se inscreveria como invenção meramente humana.
Não foi uma noite, foi um fato.
Não foram dois jogos, foram dois eventos que inclusive rediscutem na torcida rubro-negra a própria clássica soberba que lhes acompanham após o advento Zico.
Mesmo a resistência ao perigoso terreno da galhofa onde os rivais nacionais inseriram o outrora garboso time da Gávea foi de uma timidez claudicante, eloquente e talvez um sinal dos tempos para o ufanismo à toda prova. Fora a clássica sacada do curriculum vitae, citação aos três rebaixamentos do Fluminense e aos rebaixamentos dos demais, clássicas e manjadas, o que se viu foi uma tristeza atroz.
Não minha, óbvio, mas de uma malta de pessoas cuja facilidade em esconder a realidade seguindo o berrante da Vênus Platinada com seus bordões ufanistas era quase um exemplo da tradição e um estudo de caso do impacto da mídia na alienação coletiva.
Nem a habitual arrogância duradoura se fez presente.
O que se viu pode ser traduzido ou pela catatonia da dor da eliminação ou pelo surgimento de algum tipo de pensamento critico que tenha em mente entender o processo que levou à eliminação e que passa pela ausência de planejamento com demissão de técnico, pelo tratamento da libertadores como um sub-torneio, pelo acreditar em factoides com nome para a liderança técnica dentro de campo e pela fé inenarrável no folclore como arma de superação.
E é preciso ir além da crucificação dos Ronaldinhos, noitadas, bebidas e burrices de Papai Joel, é preciso entender como um clube é gerido por um sujeito que diz que Libertadores é ilusão e apresenta posteriormente um relatório onde diz que o clube perderá 7 milhões de reais por ter saído mais cedo do torneio.
Talvez seja a hora da Nação rubro-negra começar a entender que História todos os clubes grandes têm e na America do sul tem clube com muito, mas muito mais história que o digníssimo rubro-negro, que Libertadores se joga com duas almas, que "não basta ter craque, tem de participar", que uma administração que aponta a camisa e Adriano como soluções para todas as crises só pode estar de sacanagem.
Citar os três rebaixamentos do Fluminense, o do Vasco, o do Botafogo, o numero de títulos é até legal como exercício de memória História, mas não muda o fato que há tempos o Flamengo só pensa no carioca a sério, se apequena, despreza torneios importantes e hoje está eliminado da maior competição da América do Sul, competição que suou sangue para conquistar a classificação.
O que se vê, além de um momento divertidíssimo para os rivais, é um momento ímpar de reavaliação do que a torcida do Flamengo quer para o Flamengo, vê no Flamengo e entende do Flamengo e do futebol à sua volta. É um momento ímpar inclusive para atuação política transformadora que não dê bagagem a blogueiros pseudo-críticos que vive no surfe da mais imbecil rivalidade e sustentam um poder inexistente de equipes fracas, toscas e extremamente soberbas que envergam a camisa do Flamengo e fuja da armadilha de seguir a linha RMP de jornalismo oba oba e de veneno pros rivais.
Caso a torcida, a administração e o seguimento jornalístico próprio chamado Flapress achem por bem continuar achando que "Flamengo é Flamengo" eu acho até bom, mas não sei por quanto tempo a marra se sustenta.
A noite teve a lida e hilária troca de situação para o Flamengo onde a alternância de gols misturava as expressões dos jogadores e torcida e que terminou em um gol do Emelec que foi lindo, histórico e delicioso.
Enquanto isso vamos às oitavas, a gente se vê por ai.
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