domingo, 8 de abril de 2012

Solucionática - Atlético e Cruzeiro: sobre o primeiro clássico do ano


Lucas Morais

Os torcedores do Atlético não engoliram e nem engolirão tão cedo a goleada por 6 a 1, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, resultado que manteve o ameaçado Cruzeiro na Série A e, ainda por cima, humilhou seu arquirrival que, rodadas antes, havia goleado o Botafogo e se safado também do rebaixamento.

Campanha 100% no Campeonato Mineiro

Costumo dizer que o futebol do interior mineiro está 20 anos atrás do interior paulista. Times praticamente amadores, mal treinados, com baixa qualidade, sem estrutura, e por aí vai.

Para 2012, a diretoria atleticana fez contratações importantes, como o zagueiro Rafael Marques, o volante Leandro Donizete, o meia Escudero, emprestado por um ano, com opção de compra, junto ao Boca Juniors, o meia Danilinho, por empréstimo do Tigres-MEX, além de contar com o retorno do lateral-direito Marcos Rocha. Com isso, o time titular do Atlético seria: Renan Ribeiro; Marcos Rocha, Rafael Marques, Réver, Richarlyson, Pierre, Leandro Donizete; Escudero, Bernard, André e Guilherme.

Até o clássico, o Atlético venceu todos os dez jogos que fez no Estadual, além do jogo de ida contra o Cene, do Mato Grosso do Sul, pela Copa do Brasil. Em todos estes jogos, o Galo apresentou um padrão de jogo com muita velocidade, explorando tanto jogadas pelas laterais quanto pelo meio campo, valorizando a posse de bola e se defendendo com regularidade, mesmo que começando às vezes atrás no placar, como nos jogos contra o América de Teófilo Otoni e o Villa Nova, ambos fora de casa. Em termos de movimentação, o time largava na primeira marcha e não passava da segunda nos primeiros tempos das primeiras dez partidas, enquanto no segundo tempo, pela adversidade do placar e pela necessidade de pontuar, o time finalmente conseguia o resultado.

Até aí, nenhuma grande dificuldade, nenhum jogo que realmente colocasse o Galo na fogueira.

O clássico nas quatro linhas

Porém, no clássico, tanto Atlético quanto o Cruzeiro tiveram a oportunidade de medir forças. Com torcida única, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, o Galo foi para cima do Cruzeiro e, sobrando no primeiro tempo, com condições de ter goleado caso as finalizações não fossem tão ruins e os meias e atacantes não fossem tão fominhas na finalização. O time perdeu três oportunidades em que bastava o toque ao companheiro ao lado. Dito isto, afirmo que o time, caso continue bem treinado e faça contratações pontuais, estará "sobrando", pois deu mostras de que pode alcançar esta qualidade.

A vantagem veio quase ao final do primeiro tempo em 2 a 0. O Atlético jogava bem, tinha controle do jogo, impunha muitas dificuldades defensivas ao arquirrival. Porém, o resultado acabou fazendo com que o time ficasse, como ocorreu nos jogos anteriores, cômodo. O resultado de 2 a 0 era umas quase garantia que o adversário não ganharia e a situação na tabela estaria perfeita.

No segundo tempo, o Cruzeiro em dois contra-ataques, aproveitando-se de falhas defensivas, conseguiu empatar o jogo e até esboçou a virada, com o Atlético muito desorganizado durante todo o segundo tempo. A violência em campo entre os jogadores manchou mais uma vez o que deveria ser uma partida esportiva, disputada, mas leal. Jogadores do Cruzeiro, como Wellington Paulista, catimbando e atrapalhando o andamento da partida. Apesar das falhas da arbitragem, o jogo acabou sendo justo.

O Atlético tomou a virada para si mesmo, mais uma vez, e o Cruzeiro abusou de seu oportunismo para chegar ao resultado. Com este empate, o Atlético deverá ser o favorito para o título nas semifinais, mas há muita bola para rolar.

Ambos clubes precisam entender que, com os times deste jeito, terão dificuldades na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Contratações são urgentes dos dois lados da lagoa, e a ausência de um estádio em Belo Horizonte tem atrapalhado muito o rendimento do futebol da capital. Esperemos que com a inauguração do novo estádio Independência as coisas comecem a mudar.

Os jogadores do Galo

Renan Ribeiro não tem ainda maturidade para ser o goleiro do Atlético; Marcos Rocha precisa ser trabalhado pois pode melhorar muito; Réver precisa minimizar ainda mais seus erros; Rafael Marques mostrou que tem qualidade para ser titular; Richarlyson ainda está muito fraco na lateral-esquerda, precisa melhorar muito; Pierre mostrou muita qualidade e raça, mas perdeu a cabeça no jogo; Fillipe Soutto pode melhorar muito, precisa ganhar mais chances; Bernard tem condições de se tornar um craque, precisa ser trabalho muito bem; Danilinho, apesar de ter feito o primeiro e participado do segundo gol, precisa mostrar muito mais serviço para honrar a camisa; André tem jogado muito displicente, precisa entender a responsabilidade de ser um atacante; Guilherme fez um primeiro tempo muito bom, mas sumiu no segundo tempo, precisa ser trabalhado e aprimorar suas finalizações, que foram displicentes. Escudero e Leandro Donizete já deram mostras de serem grandes jogadores e merecem a titularidade; Neto Berola precisa aprimorar a finalização, posicionamento e ritmo de jogo. Mancini poderá ser uma boa opção para quando o time estiver ganhando no segundo tempo, pois sabe ter controle. Que Cuca tenha inteligência para resolver este time, que tem muita qualidade, mas precisa de mais opções e eficácia.

A ficha do jogo:

ATLÉTICO 2 X 2 CRUZEIRO

ATLÉTICO
Renan Ribeiro; Marcos Rocha, Réver, Rafael Marques e Richarlyson; Pierre, Fillipe Soutto, Bernard (Neto Berola, 23min 2ºT) e Danilinho; André  (Mancini, 27min 2ºT) e Guilherme (Luiz Eduardo, 39min 2ºT). Técnico: Cuca

CRUZEIRO
Fábio, Marcos (Everton, intervalo), Leo, Victorino e Diego Renan; Leandro Guerreiro, Marcelo Oliveira e Montillo; Wellington Paulista (Walter, 29min 2º), Anselmo Ramon e Wallyson (Roger, intervalo). Técnico: Vagner Mancini

Motivo: penúltima rodada da primeira fase do Campeonato Mineiro
Estádio: Arena do Jacaré, em Sete Lagoas
Data: 8 de abril de 2012

Gols: Danilinho, 24min 1ºT; André, 38min 1ºT; Anselmo Ramon, 14min e 34min 2ºT

Árbitro: Renato Cardoso Conceição
Assistentes: Celso Luiz da Silva e Marconi Helbert Vieira

Pagantes: 17.724
Renda: R$ 325.240,00

Um comentário:

  1. Achei ótimo, concordo quase 100%. Quanto aos comentários sobre os jogadores, só acho que o Soutto foi o melhor em campo, mostrou que sabe marcar, além de ter subido de novo e quase fez o gol. Acho que ele tem muito mais possibilidade de ser um craque que o Bernard, que eu acho que não deve ser encarado com titular absoluto até porque acho que quem deveria ter entrado no time era o Escudero mesmo se não tivesse contundido.. Mas não imagino qual seria a escalação do Cuca para esse jogo com o Escudero no time (já que os treinos foram secretos.
    Sobre o Cruzeiro: acho que eles estão com uma ótima base também para formar um bom time, embora precisem de mais contratações que nós. O time tem bom conjunto e determinação. O V. Mancini errou na escalação (como eu torcia), colocando três atacantes e enfraquecendo o meio, o que facilitou o trabalho da defesa do Galo de anular o ataque deles, como pensei. Com Roger e Montillo em campo + o "vamos segurar a vitória garantida" no lado do Galo, deu no que deu.
    E continuo morrendo de raiva do imbecil do Dorival (só não xingo mais por conta do salvamento de 2010) que dispensou o Obina porque tinha um "Galo-Santos" imaginário na cabeça. O André seria um bom reserva pro Obina e Obina, além dos gols, seria o cara que tá faltando no time do Galo, um lider, alguém que "puxa" o time. Espero que contratem bem alguém ali para o meio ou ataque que além de bom tenha essa característica.
    (Victor Coelho)

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