Lucas Morais
Os torcedores do
Atlético não engoliram e nem engolirão tão cedo a goleada por 6 a
1, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2011, resultado que manteve
o ameaçado Cruzeiro na Série A e, ainda por cima, humilhou seu arquirrival
que, rodadas antes, havia goleado o Botafogo e se safado também do
rebaixamento.
Campanha 100% no Campeonato Mineiro
Costumo dizer que o futebol do interior mineiro está 20 anos atrás do interior paulista. Times praticamente amadores, mal treinados, com baixa qualidade, sem estrutura, e por aí vai.
Para 2012, a diretoria
atleticana fez contratações importantes, como o zagueiro Rafael
Marques, o volante Leandro Donizete, o meia Escudero, emprestado por
um ano, com opção de compra, junto ao Boca Juniors, o meia
Danilinho, por empréstimo do Tigres-MEX, além de contar com o
retorno do lateral-direito Marcos Rocha. Com isso, o time titular do
Atlético seria: Renan Ribeiro; Marcos Rocha, Rafael Marques, Réver,
Richarlyson, Pierre, Leandro Donizete; Escudero, Bernard, André e
Guilherme.
Até o clássico, o
Atlético venceu todos os dez jogos que fez no Estadual, além do jogo de ida
contra o Cene, do Mato Grosso do Sul, pela Copa do Brasil. Em todos
estes jogos, o Galo apresentou um padrão de jogo com muita
velocidade, explorando tanto jogadas pelas laterais quanto pelo meio
campo, valorizando a posse de bola e se defendendo com regularidade,
mesmo que começando às vezes atrás no placar, como nos jogos
contra o América de Teófilo Otoni e o Villa Nova, ambos fora de
casa. Em termos de movimentação, o time largava na primeira marcha
e não passava da segunda nos primeiros tempos das primeiras dez
partidas, enquanto no segundo tempo, pela adversidade do placar e
pela necessidade de pontuar, o time finalmente conseguia o resultado.
Até aí, nenhuma
grande dificuldade, nenhum jogo que realmente colocasse o Galo na
fogueira.
O clássico nas quatro linhas
Porém, no clássico,
tanto Atlético quanto o Cruzeiro tiveram a oportunidade de medir
forças. Com torcida única, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, o
Galo foi para cima do Cruzeiro e, sobrando no primeiro tempo, com
condições de ter goleado caso as finalizações não fossem tão
ruins e os meias e atacantes não fossem tão fominhas na
finalização. O time perdeu três oportunidades em que bastava o
toque ao companheiro ao lado. Dito isto, afirmo que o time, caso continue bem treinado e faça contratações pontuais, estará "sobrando", pois deu mostras de que pode alcançar esta qualidade.
A vantagem veio quase
ao final do primeiro tempo em 2 a 0. O Atlético jogava bem, tinha
controle do jogo, impunha muitas dificuldades defensivas ao
arquirrival. Porém, o resultado acabou fazendo com que o time
ficasse, como ocorreu nos jogos anteriores, cômodo. O resultado de 2
a 0 era umas quase garantia que o adversário não ganharia e a
situação na tabela estaria perfeita.
No segundo tempo, o
Cruzeiro em dois contra-ataques, aproveitando-se de falhas
defensivas, conseguiu empatar o jogo e até esboçou a virada, com o
Atlético muito desorganizado durante todo o segundo tempo. A
violência em campo entre os jogadores manchou mais uma vez o que
deveria ser uma partida esportiva, disputada, mas leal. Jogadores do
Cruzeiro, como Wellington Paulista, catimbando e atrapalhando o
andamento da partida. Apesar das falhas da arbitragem, o jogo acabou
sendo justo.
O Atlético tomou a
virada para si mesmo, mais uma vez, e o Cruzeiro abusou de seu
oportunismo para chegar ao resultado. Com este empate, o Atlético
deverá ser o favorito para o título nas semifinais, mas há muita
bola para rolar.
Ambos clubes precisam
entender que, com os times deste jeito, terão dificuldades na Copa
do Brasil e no Campeonato Brasileiro. Contratações são urgentes
dos dois lados da lagoa, e a ausência de um estádio em Belo
Horizonte tem atrapalhado muito o rendimento do futebol da capital.
Esperemos que com a inauguração do novo estádio Independência as
coisas comecem a mudar.
Os jogadores do Galo
Renan Ribeiro não tem ainda maturidade para ser o goleiro do Atlético; Marcos Rocha precisa ser trabalhado pois pode melhorar muito; Réver precisa minimizar ainda mais seus erros; Rafael Marques mostrou que tem qualidade para ser titular; Richarlyson ainda está muito fraco na lateral-esquerda, precisa melhorar muito; Pierre mostrou muita qualidade e raça, mas perdeu a cabeça no jogo; Fillipe Soutto pode melhorar muito, precisa ganhar mais chances; Bernard tem condições de se tornar um craque, precisa ser trabalho muito bem; Danilinho, apesar de ter feito o primeiro e participado do segundo gol, precisa mostrar muito mais serviço para honrar a camisa; André tem jogado muito displicente, precisa entender a responsabilidade de ser um atacante; Guilherme fez um primeiro tempo muito bom, mas sumiu no segundo tempo, precisa ser trabalhado e aprimorar suas finalizações, que foram displicentes. Escudero e Leandro Donizete já deram mostras de serem grandes jogadores e merecem a titularidade; Neto Berola precisa aprimorar a finalização, posicionamento e ritmo de jogo. Mancini poderá ser uma boa opção para quando o time estiver ganhando no segundo tempo, pois sabe ter controle. Que Cuca tenha inteligência para resolver este time, que tem muita qualidade, mas precisa de mais opções e eficácia.
ATLÉTICO 2 X 2
CRUZEIRO
ATLÉTICO
Renan Ribeiro;
Marcos Rocha, Réver, Rafael Marques e Richarlyson; Pierre, Fillipe
Soutto, Bernard (Neto Berola, 23min 2ºT) e Danilinho; André
(Mancini, 27min 2ºT) e Guilherme (Luiz Eduardo, 39min 2ºT).
Técnico: Cuca
CRUZEIRO
Fábio, Marcos
(Everton, intervalo), Leo, Victorino e Diego Renan; Leandro
Guerreiro, Marcelo Oliveira e Montillo; Wellington Paulista (Walter,
29min 2º), Anselmo Ramon e Wallyson (Roger, intervalo). Técnico:
Vagner Mancini
Motivo: penúltima rodada da
primeira fase do Campeonato Mineiro
Estádio: Arena
do Jacaré, em Sete Lagoas
Data: 8 de abril de
2012
Gols: Danilinho, 24min 1ºT; André,
38min 1ºT; Anselmo Ramon, 14min e 34min 2ºT
Árbitro:
Renato Cardoso Conceição
Assistentes: Celso
Luiz da Silva e Marconi Helbert Vieira
Pagantes:
17.724
Renda: R$ 325.240,00
Achei ótimo, concordo quase 100%. Quanto aos comentários sobre os jogadores, só acho que o Soutto foi o melhor em campo, mostrou que sabe marcar, além de ter subido de novo e quase fez o gol. Acho que ele tem muito mais possibilidade de ser um craque que o Bernard, que eu acho que não deve ser encarado com titular absoluto até porque acho que quem deveria ter entrado no time era o Escudero mesmo se não tivesse contundido.. Mas não imagino qual seria a escalação do Cuca para esse jogo com o Escudero no time (já que os treinos foram secretos.
ResponderExcluirSobre o Cruzeiro: acho que eles estão com uma ótima base também para formar um bom time, embora precisem de mais contratações que nós. O time tem bom conjunto e determinação. O V. Mancini errou na escalação (como eu torcia), colocando três atacantes e enfraquecendo o meio, o que facilitou o trabalho da defesa do Galo de anular o ataque deles, como pensei. Com Roger e Montillo em campo + o "vamos segurar a vitória garantida" no lado do Galo, deu no que deu.
E continuo morrendo de raiva do imbecil do Dorival (só não xingo mais por conta do salvamento de 2010) que dispensou o Obina porque tinha um "Galo-Santos" imaginário na cabeça. O André seria um bom reserva pro Obina e Obina, além dos gols, seria o cara que tá faltando no time do Galo, um lider, alguém que "puxa" o time. Espero que contratem bem alguém ali para o meio ou ataque que além de bom tenha essa característica.
(Victor Coelho)