por Victor Coelho
Como
algumas pessoas projetavam, as perspectivas são boas para o trio mineiro da
capital no Brasileirão 2012. Neste post falarei dos nossos rivais Cruzeiro e
América, já que aqui no blog acompanhamos o Galo (cujos textos podem ser
conferidos clicando nas tags “Atlético Mineiro” e “Galo”). Quanto aos times do
interior, fica a expectativa de o Tupi fazer uma boa campanha na série C,
tentando repetir o sucesso do ano passado quando se sagrou campeão da série D
vencendo o Santa Cruz na final. Boa e Ipatinga se esforçarão novamente na série
B, a situação do Boa é melhor neste momento, mas são dois times de pouca
tradição, um tanto artificiais, embora já contem com alguma pouquíssima torcida em
suas cidades, embora o Boa tenha a peculiaridade de ser um time de Ituiutaba
que agora sedia seus jogos em Varginha. Bom para aproveitar o bom estádio dessa
cidade.
Começo
com o time smurf. A contratação de Celso Roth foi motivo de muita gozação por
parte de alteticanos e torcedores de outros times e de desespero por parte dos cruzeirenses. Roth é aquele
técnico que carrega a má fama, em grande parte injusta, de ser um técnico ruim (para uma perspectiva gaúcha, ver aqui).
Em 2009 já havia desconfiança quando o Galo o contratou. No ano anterior havia
feito uma grande campanha no Brasileirão com o Grêmio, que contudo foi
prejudicada pela arrancada do São Paulo e a própria caída do time, que chegou a
ter mais de dez pontos de vantagem. Já era tido também como técnico que monta
times “feios”. Verdade, times dirigidos pelo Roth não se caracterizam pela
plasticidade e malemolência, mas eu dizia que ia ser bom para o Galo, ia dar
uma ajeitada no time, e vimos o que aconteceu: aquele time e elenco limitados
se superou e fez grande campanha no Brasileiro. Ok, repetiu no final a
queda do Grêmio-2008. Mas sejamos justos, o elenco era limitadíssimo, embora
tenha se superado e contasse com o talento de Tardelli, e morreu no final
devido ao esgotamento físico do time, fora que não tinha opções para variações
táticas.
Roth chega agora no Cruzeiro com um elenco melhor, já ajeitou a defesa
(que inclui a parte defensiva do meio campo) e agora a parte ofensiva se anima,
com o talento de Montillo e competência de W. Paulista e A. Ramon. A grande
vitória de ontem sobre o ex-líder Vasco, em pleno São Januário, não foi de sorte.
Pelo
jeito, já não é nem sombra do time que perdeu os dois jogos para o América na
semifinal do Mineiro. Mas aquele time do Mineiro, apesar da deficiência técnica
e tática, apresentava um elemento de garra que agora será bem aproveitado no
time bem montado do Roth. Melhor ser realista, nesse primeiro ano pós-desmonte
do time pelo ex-vitalício presidente Perrella, que continuar naquela viagem de “melhor
time do país que tem que jogar com o Real Madrid”, coisa que já ouvi da boca de
dois cruzeirenses. O clube foi bem nos últimos anos desde o já quase longe ano
de 2003, disputou inclusive final de Libertadores, mas como no Galo até a
década de 1990, foi um grande coadjuvante vendo os títulos cairem nas mãos adversárias
e compensava suas frustrações pelo fracasso do rival – lembrando que nestes
últimos dez anos a ruindade fez o Galo virou freguês não só do Cruzeiro, mas
até do Botafogo.
Agora
o glorioso Mequinha, que alguns atleticanos – até pela carência de termos em
Minas outro time de série A, pois desde a década de 1960 o futebol do estado
se polarizou entre João e Maria – vêm chamando de “Coelhão” ou “Mecão”... forma
estranha de querer valorizar um clube pela condescendência. O América completa
este ano seu centenário, esteve perto de ganhar seu campeonato mineiro da
década (o último foi em 2001, um ano depois de ter conquistado a Copa Sul-Minas,
o outro em 1993, mas em 2012 ficou de vice mesmo). Centenário que o clube
resolveu comemorar com a reedição da camisa vermelha da década de 1930, quando o clube fez bico para a profissionalização, preferia continuar amador, ou seja,
de elite.. Com isso o clube foi definhando, a torcida estagnou e hoje é minúscula em comparação com a ótima estrutura do clube. Mas pelo menos
demonstram o orgulho de ser Mequinha. Mas pelo menos contam com a
condescendência de certos atleticanos que, embora já nascidos nas décadas
finais do século XX, sentem “nostalgia” da época do Clássico das Multidões.
O
caso é que o clube parece estar no caminho certo para tentar voltar a ter a
grandeza que tinha nas primeiras décadas do século passado, época longínqua do
decacampeonato mineiro. O clube vem se profissionalizando, é brem treinado pelo Givanildo, técnico que trem estrela no clube, manteve a qualidade
da base, que é uma das melhores do país, sendo o atual campeão nacional sub-20 e
com isso o primeiro representante brasileiro na recém-criada Libertadores da
categoria.
Acredito que dava para o América ter permenecido na série A ano
passado se não tivesse acontecido a conjunção do otimismo exagerado do
presidente (que antes do início do campeonato achava que com “dois ou três reforços”
o time certamente brigaria por vaga Sul-Americana, enquanto o técnico Mauro
Fernandes pedia mais reforços) e com a timidez do time que só foi acordar no
final, na luta desesperada contra o rebaixamento, tendo vencido aqueles que
seriam o campeão e o terceiro colocado (Cortinthians e Fluminense).
No momento,
o time ocupa a terceira posição na série B e, pelo que mostrou no Mineiro – a derrota
por 3 x 0 no segundo jogo da final foi mais mérito do Galo pela grande partida –,
tem tudo para disputar o título ou ao mesmo voltar para a série A, e pelo
planejamento e competência de manter a base do time terá grande chance de
permanecer.
Embora
estejamos no início do Brasileirão, as perspectivas são boas para os times da
capital mineira, o que já é bom, tendo em vista a perdar de prestígio que o
futebol do estado – com grande contriguição atleticana – vinha apresentando nos
últimos anos.