domingo, 24 de junho de 2012

Leiteria - E o Maestro ergueu o dedo...

Por Gilson Moura Henrique Junior

Eu digo não ao não! É proibido proibir o encanto!

Não um encanto cego e tolo que louva e se ufana de  vitórias como quem esquece o jogo, a lógica e o gol, não! Jamais! Mas sim o encanto apaixonado das três cores com a calma, o avanço controlado, asfixiante e fatal ter vencido com autoridade mais um adversário.

Como não se encantar com a absoluta calma com que a adversidade é encarada e o jogo é tomado das mãos do rival como quem se impõe e diz "Devolve-me o jogo!"?

Como não se encantar com a habilidade e disciplina de um elenco que com falhas e erros, ajustes e esforço se impõe na marcação e numa ofensividade que premia o torcedor com jogadas em velocidade, triangulações, passes perfeitos e uma rotina massacrante para a defesa adversária até que gol saia?

O Fluminense foi assim diante do esforçado, mas frágil, Atlético Goianiense.

Após um gol surpreendente pela velocidade o avanço gradual da equipe de Abel Braga comandou o jogo como quem chupa um chicabon.

Não foi arrogante, jamais! Não foi soberba! Foi imensa.

Já nos aproximamos da liderança e no tempo certo, no momento em que começamos e ter novamente um elenco inteiro. Não perdendo ponto para equipes com menor investimento e enfrentando rivais diretos com força, com coragem e sem perder também pontos.

Se o anúncio na televisão não dá receitas de como vencer um brasileiro, o que se escreve nos portões não dimensiona o crescer de um time talhado para a glória. 

Estamos vendo senhores uma negação à qualquer proibição da alegria!

O Fluminense de Abel Braga e seu maestro começam a tomar conta do Brasileiro, avançando gradualmente, avançando e tomando conta da posição que almeja até o arremate final.

O Maestro ergueu o dedo e além do óbvio há o grito, o sim.

É proibido proibir-se de esperar o Tetra!

Solucionática: Somente seis rodadas para o Galo?



Lucas Morais

Após a vitória por 5 a 1 do Galo sobre o Náutico, o time mostra que ainda tem muito futebol a mostrar para a massa alvinegra, esta que ontem tomou alguns pontos tradicionais das ruas de Belo Horizonte para festejar o bom resultado, coisa que não se via de fato desde a época (2009-2010) em que os atacantes Tardelli e Obina goleavam o Flamengo, ou o Cruzeiro, quando o time levava sequência de vitórias sobre outros rivais e adversários. A última festa da massa foi a carreata do Independência até a sede do clube no bairro Lourdes para bebemorar o título invicto no Campeonato Mineiro, o 41º da história do clube de 100 campeonatos realizados. Mas as cicatrizes da derrota por 6 a 1 para o rival no ano passado ainda permanecem, apesar das promessas de um novo tempo para o Galo.

A alegria do torcedor não vem somente pela vitória de ontem, mas sim pelos resultados positivos obtidos contra o Corinthians e o Palmeiras. Foram duas vitórias suadas, por 1 a 0, dentro e fora de casa, respectivamente, sendo que, no segundo jogo, contra o Palmeiras, contou-se dois gols mal-anulados pelo juiz, que fez arbitragem caseira, assim como ocorreu contra o São Paulo e Corinthians. O empate em casa contra o Bahia, com um gol-surpresa de Fahel, em um rápido contra-ataque, e a derrota no Morumbi, para um decadente São Paulo, em jogo que o Galo teve tudo para vencer (exceto a necessária pontaria na hora de decidir), fizeram pesar sobre as costas do garoto de apenas 19 anos, Bernard, que deve ter tido sua orelha quase derretida de tanta bronca da massa. Entretanto, no jogo contra o Náutico Bernard criou ótima jogada, tabelada com Jô, e chutou perfeitamente ao gol, sem chances para o goleiro.

É uma pena que a arbitragem tenha favorecido o Galo com o pênalti inexistente sobre o Jô que, como todo atacante, foi malandro, mas o time tinha condições de virar, apesar do empate adverso e mereceu indiscutivelmente a vitória. O que entristece é como a CBF tem prejudicado o Galo quando este joga contra adversários do Rio de Janeiro e São Paulo, enquanto quando joga com clubes nordestinos ou do Centro Oeste, é privilegiado pela arbitragem. E dizem que isso é papo de torcedor... Bem, só se o torcedor for o único a constatar essa realidade que se põe a cada Brasileirão para o Atlético.

O jogo, apesar da facilidade para os três gols que vieram após o desempate, foi bom, com o Náutico, que mescla jogadores jovens e experientes, oferecendo perigo a cada contra-ataque, mas sendo bem anulado pelo sistema defensivo atleticano. É verdade que o Atlético tinha condições de vencer o Bahia e o São Paulo, entretanto, há que se destacar que ambos jogos se deram em meio à transição do meio-campo e do ataque, com a incorporação de Jô e Ronaldinho Gaúcho quase simultaneamente, ambos sempre muito marcados pelos adversários.


Foram cinco pontos perdidos, que poderiam colocar o Galo em primeiro lugar na tabela com folga em relação ao arquirrival Cruzeiro, hoje, com 18 pontos. Mas, são somente seis (boas) rodadas de trinta e oito. Por outro lado, o time mostra ter hoje um sistema defensivo mais competitivo, com excelentes atuações de Réver e Rafael Marques, com boas transições pelas laterais de Júnior César e Marcos Rocha, ambos dando estabilidade às laterais rumo ao ataque e na marcação, enquanto Ronaldinho trabalha como organizador distribuindo as jogadas e as bolas paradas. Danilinho dá velocidade, ajuda Marcos Rocha e o batalhador Leandro Donizete na marcação, que sentiu falta se Pierre nesse sábado pela referência que é. Mas Serginho e Leandro Donizete também são volantes dignos de confiança, apesar de um erro ou outro. O goleiro Giovanni, por enquanto, tem feito boas defesas. Ressalto o “por enquanto” porque a massa ainda não se contenta com um goleiro jovem: quer um medalhão, como um Júlio Cesar por exemplo, para ter estabilidade em jogos decisivos.

Hoje, o Galo tem elenco e, com a volta do atacante Neto Berola e do (possivelmente) meia-atacante Guilherme do departamento médico, o clube terá muita força ofensiva. Fora que há alternativas, como o próprio Juninho, recém-contratado, que estava no Atlético Goianiense, o atacante da base Paulo Henrique, o próprio André, que felizmente perdeu a condição de titular absoluto no ataque, já que ficou acomodado pelo bafafá da imprensa nacional e regional. Jô tem feito um ótimo trabalho como pivô, pois dificilmente perde a bola quando esta vem de um passe certo, pelo alto ou por baixo, e consegue, quando não sofre falta, tabelar com Bernard (1o gol contra o Náutico), Ronaldinho, Danilinho ou até o Marcos Rocha.

A decepção atende hoje pelo nome de Richarlyson, que realizou um fraco primeiro tempo ontem diante do Náutico e foi sacado corretamente por Cuca logo aos 36 minutos para a entrada de Serginho, que fez um grande jogo e até perdeu gol. Richarlyson só foi ser achado por policiais militares, quando dirigia sua Porsche no Centro de Belo Horizonte, sendo pego no bafômetro e levado à delegacia, e então liberado. Richarlyson vem de uma sequência muito ruim no Atlético. É verdade que fez um jogo excepcional diante do América e teve uma ou outra sequência regular, mas o saldo geral é péssimo, em jogos importantes atua como um adversário, já que seus erros e vacilos tem sido constantes.

É certo que o fator Novo Independência, recém-inaugurado no bairro Horto, região Leste (residencial e tradicional) da capital mineira, ao trazer o futebol do Atlético novamente para Belo Horizonte traz também a grandeza do time, criando aquela química que toma conta da cidade quando o clube está brigando por coisas grandes. É verdade também que Ronaldinho Gaúcho está tomando gosto pelo momento vivido no clube, como vários outros jogadores desacreditados: “Maravilhoso, quando mais depois do jogo receber esse tipo de carinho. É tudo que a gente mais quer. Nós últimos dois anos, a torcida do Atlético sofreu bastante e, agora, em todo jogo a gente quer o estádio cheio. A gente quer fazer essa pressão e essa conexão da torcida com os jogadores tem tudo para dar certo. Com a força desse torcedor, vai ser difícil parar a gente”, disse após o jogo.

Nesse campeonato veremos a potencialidade de um time que hoje tem um treinador de ponta, com preparador de goleiros, técnico e médico da seleção brasileira, jogadores competitivos, a volta ao futebol a Belo Horizonte, dinheiro em caixa para contratações pontuais e somente duas derrotas neste ano, além de ter se livrado de alguns jogadores incompatíveis com as necessidades desse elenco. Tropeços virão e são naturais, a questão é se este time terá condições de se superar quando tudo estiver contra o Galo. O acesso à Libertadores é questão de tempo e o título exigirá muito sacrifício de cada um desta equipe. 

Solucionática: Boas perspectivas para os clubes de BH


 por Victor Coelho
 


Como algumas pessoas projetavam, as perspectivas são boas para o trio mineiro da capital no Brasileirão 2012. Neste post falarei dos nossos rivais Cruzeiro e América, já que aqui no blog acompanhamos o Galo (cujos textos podem ser conferidos clicando nas tags “Atlético Mineiro” e “Galo”). Quanto aos times do interior, fica a expectativa de o Tupi fazer uma boa campanha na série C, tentando repetir o sucesso do ano passado quando se sagrou campeão da série D vencendo o Santa Cruz na final. Boa e Ipatinga se esforçarão novamente na série B, a situação do Boa é melhor neste momento, mas são dois times de pouca tradição, um tanto artificiais, embora já contem com alguma pouquíssima torcida em suas cidades, embora o Boa tenha a peculiaridade de ser um time de Ituiutaba que agora sedia seus jogos em Varginha. Bom para aproveitar o bom estádio dessa cidade. 
 

Começo com o time smurf. A contratação de Celso Roth foi motivo de muita gozação por parte de alteticanos e torcedores de outros times e de desespero por parte dos cruzeirenses. Roth é aquele técnico que carrega a má fama, em grande parte injusta, de ser um técnico ruim (para uma perspectiva gaúcha, ver aqui). 
 Em 2009 já havia desconfiança quando o Galo o contratou. No ano anterior havia feito uma grande campanha no Brasileirão com o Grêmio, que contudo foi prejudicada pela arrancada do São Paulo e a própria caída do time, que chegou a ter mais de dez pontos de vantagem. Já era tido também como técnico que monta times “feios”. Verdade, times dirigidos pelo Roth não se caracterizam pela plasticidade e malemolência, mas eu dizia que ia ser bom para o Galo, ia dar uma ajeitada no time, e vimos o que aconteceu: aquele time e elenco limitados se superou e fez grande campanha no Brasileiro. Ok, repetiu no final a queda do Grêmio-2008. Mas sejamos justos, o elenco era limitadíssimo, embora tenha se superado e contasse com o talento de Tardelli, e morreu no final devido ao esgotamento físico do time, fora que não tinha opções para variações táticas. 

Roth chega agora no Cruzeiro com um elenco melhor, já ajeitou a defesa (que inclui a parte defensiva do meio campo) e agora a parte ofensiva se anima, com o talento de Montillo e competência de W. Paulista e A. Ramon. A grande vitória de ontem sobre o ex-líder Vasco, em pleno São Januário, não foi de sorte.



Pelo jeito, já não é nem sombra do time que perdeu os dois jogos para o América na semifinal do Mineiro. Mas aquele time do Mineiro, apesar da deficiência técnica e tática, apresentava um elemento de garra que agora será bem aproveitado no time bem montado do Roth. Melhor ser realista, nesse primeiro ano pós-desmonte do time pelo ex-vitalício presidente Perrella, que continuar naquela viagem de “melhor time do país que tem que jogar com o Real Madrid”, coisa que já ouvi da boca de dois cruzeirenses. O clube foi bem nos últimos anos desde o já quase longe ano de 2003, disputou inclusive final de Libertadores, mas como no Galo até a década de 1990, foi um grande coadjuvante vendo os títulos cairem nas mãos adversárias e compensava suas frustrações pelo fracasso do rival – lembrando que nestes últimos dez anos a ruindade fez o Galo virou freguês não só do Cruzeiro, mas até do Botafogo.



Agora o glorioso Mequinha, que alguns atleticanos – até pela carência de termos em Minas outro time de série A, pois desde a década de 1960 o futebol do estado se polarizou entre João e Maria – vêm chamando de “Coelhão” ou “Mecão”... forma estranha de querer valorizar um clube pela condescendência. O América completa este ano seu centenário, esteve perto de ganhar seu campeonato mineiro da década (o último foi em 2001, um ano depois de ter conquistado a Copa Sul-Minas, o outro em 1993, mas em 2012 ficou de vice mesmo). Centenário que o clube resolveu comemorar com a reedição da camisa vermelha da década de 1930, quando o clube fez bico para a profissionalização, preferia continuar amador, ou seja, de elite.. Com isso o clube foi definhando, a torcida estagnou e hoje é minúscula em comparação com a ótima estrutura do clube. Mas pelo menos demonstram o orgulho de ser Mequinha. Mas pelo menos contam com a condescendência de certos atleticanos que, embora já nascidos nas décadas finais do século XX, sentem “nostalgia” da época do Clássico das Multidões.

 


O caso é que o clube parece estar no caminho certo para tentar voltar a ter a grandeza que tinha nas primeiras décadas do século passado, época longínqua do decacampeonato mineiro. O clube vem se profissionalizando, é brem treinado pelo Givanildo, técnico que trem estrela no clube, manteve a qualidade da base, que é uma das melhores do país, sendo o atual campeão nacional sub-20 e com isso o primeiro representante brasileiro na recém-criada Libertadores da categoria. 



Acredito que dava para o América ter permenecido na série A ano passado se não tivesse acontecido a conjunção do otimismo exagerado do presidente (que antes do início do campeonato achava que com “dois ou três reforços” o time certamente brigaria por vaga Sul-Americana, enquanto o técnico Mauro Fernandes pedia mais reforços) e com a timidez do time que só foi acordar no final, na luta desesperada contra o rebaixamento, tendo vencido aqueles que seriam o campeão e o terceiro colocado (Cortinthians e Fluminense). 

No momento, o time ocupa a terceira posição na série B e, pelo que mostrou no Mineiro – a derrota por 3 x 0 no segundo jogo da final foi mais mérito do Galo pela grande partida –, tem tudo para disputar o título ou ao mesmo voltar para a série A, e pelo planejamento e competência de manter a base do time terá grande chance de permanecer.  



Embora estejamos no início do Brasileirão, as perspectivas são boas para os times da capital mineira, o que já é bom, tendo em vista a perdar de prestígio que o futebol do estado – com grande contriguição atleticana – vinha apresentando nos últimos anos.


sábado, 23 de junho de 2012

O campinho da aldeia velha - um mês e nada

Por Victor Freire

Quase um mês e nada resolveu-se.

A situação é a seguinte: como todos sabem, uma série de clubes entraram na justiça comum solicitando sua inclusão na série C do campeonato brasileiro, e o que deveria ter se resolvido rapidamente transformou-se no maior imbróglio já visto no futebol tupiniquim, ao menos abaixo da fronteira da série B. A competição, que deveria iniciar-se no dia 27/05, já está atrasada em um mês, e ao que parece a série D vai começar antes.

Em reunião ocorrida no último dia 19, Rio Branco e Brasil de Pelotas desistiram de suas ações na justiça de seus estados, embora o estado do Acre tenha decidido que vai figurar no pólo ativo na ação outrora conduzida pelo principal time de sua capital. O grande problema até agora vem sendo apresentado pelo Treze Futebol Clube, de Campina Grande, também conhecido como Galo da Borborema.

O time não desiste de sua ação e insiste em impedir a realização de um campeonato nacional com uma liminar emitida por uma justiça estadual, que em meu entender não deveria possuir esta competência. Eles pleiteiam o acesso na série C baseados em sua colocação na série D (entro em mais detalhes logo abaixo) do ano passado e em um acordo estranho realizado pela CBF com o Rio Branco, que em teoria deveria ter sido rebaixado no grupo norte da terceira divisão por escalação irregular, mas teve seus pontos zerados no meio da competição e ainda assim conseguiu permanecer, sendo rebaixado no seu grupo o Araguaína.

Desta forma, o Treze considera que o Rio Branco na verdade deveria ser rebaixado junto com o Araguaína e a vaga deveria ser repassada a ele, quinto colocado, levando-se em consideração a pontuação do time na segunda fase da série D. O problema com esse argumento é que o regulamento da quarta divisão é claro ao considerar que, para efeitos de classificação final dos clubes no campeonato, serão consideradas ambas as fases. Por este critério, o time paraibano é sexto, e não quinto colocado, como afirmam.

Não obstante essa situação, o Treze ainda demonstra que agiu de má-fé, uma vez que só entrou com o pedido após a realização do campeonato paraibano deste ano, onde não foi às finais: viu a vaga para a série D do estado cair no colo do Sousa, segundo colocado que decidiu o campeonato com o Campinense, rival do Treze e que foi rebaixado à mesma quarta divisão de maneira injusta, em um arrumadinho que beneficiou o Fortaleza no último jogo, contra o CRB.

A CBF poderia simplesmente passar por cima da liminar que foi concedida ao time na justiça paraibana e aguardar o trânsito em julgado da ação. Mesmo a multa só será paga após a decisão do STJ, e a entidade máxima do futebol ainda pode levá-la ao STF se decidir impetrar um mandado de segurança para resguardar o direito líquido e certo dos outros clubes, devidamente classificados, de jogar o campeonato. Mas não o faz, já que isso não incomoda os clubes que estão na série B e A. Uma pena que a CBF e sua nova administração, na figura do sr. José Maria Marín, não liguem com as divisões mais baixas do futebol nacional, que possuem sua importância.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Leiteria - Uma explosão atlântica

Por Gilson Moura Henrique Junior

Existem momentos em que o futebol garante dias, sorrisos, medos e ódios.

Há no germe do ludopédio a máxima da insanidade e da criação de clássicos da tragicomédia humana, como se a mistura de tudo o que foi escrito na literária vida humana, na história dos tempos se resumisse e jactasse da dramaticidade cômica em um resumo mutante chamado Futebol.

Há no futebol uma condensação de loucuras, amore,s ódios e horrores, que destrutivos ou genialmente criativos movem a roda do destino e remitologizam o viver.

Saem Hércules, Teseu e Perseu, entram Garrincha, Pelé, Messi, Cristiano Ronaldo, Deco, Luis Fabiano, Danilo, Juninho Pernambucano.

É no futebol que heroísmos sangram por sofrerem um carrinho maldoso ou belezas são construídas com corpos no ar em uma bicicleta, chutes cruzados mortais, ou aquele gol que faz das multidões explosões atlânticas, enchentes amazônicas na roda viva do poeta, no coração dos poetas cantores deste Brasil Varonil.

É no Futebol que a jornada do Herói se concretiza em jornadas épicas como a  do Fluminense em 2009, em solidas campanhas como a do Corinthians na libertadores deste ano, onde a queda de um gigante como o São Paulo, tri Brasileiro em 2007/08/09 e hoje um time sem alma.

É no Futebol que jovens como Wellington Nem tornam-se esperança, veteranos como Juninho Pernambucano e Deco são marcos fundadores de esperança de torcidas que se espalham apaixonadas por um país que ama com todos os seus sotaques, antes de tudo, o viver as cores de cada tradição chamada clube.

Ontem mais uma torcida se alegrou com uma vitória que a eleva, pela primeira vez, a finalista de uma Libertadores. Mais uma torcida chega perto do píncaro máximo, de fixar sua bandeira no ponto mais alto dos Andes e encheu a cidade de São Paulo de uma mistura de alegria e ódio que faz do Futebol a marca de uma megalópole.

E é o Futebol que gera essa corrente de emoções que nos faz humanos, que nos faz guerreiros, mosqueteiros, galos, santos.

E é nessa explosão atlântica que deita nossa fé e nosso orgulho, nossa forma de ser humanos, tricolores, alvinegros.

Que bom!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Moeda em Pé - São Paulo x Santos, quando o ruim é magistral

Por Fernando Amaral, vulgo Quodores

A broca, mas a broca mesmo, o prego na roda, quando a gente é convidado a escrever num blogue batuta é que temos vontade de escrever, mesmo sem ter o quê. É verdade que o blogue batuta em questão é sobre futebol e sobre o ludopédio sempre há alguma cousa que tenha que ser escrita: das obviedades lunares ao canto da torcida, dos lororós acadêmicos sobre tática, encaixe, volante e ponta de lança aos porres triunfais das vitórias espetaculares, da galhofa ao vizinho ao trem da dor da ilusão perdida. E, confesso, essas ilusões perdidas sempre rendem... Como o cotovelo é um órgão mágico, concluo sempre: as melhores estórias são as do cotovelo. Mas, ando sem inspiração...

Venhamos e convenhamos, minha proposta cá neste espaço generoso que me foi disposto é escrever sobre o São Paulo Futebol Clube e suas epopeias - porque todos sabem em todos os mundos que o destino do São Paulo são as epopeias, pois as histórias comesinhas, o "rame rame”, o cotidiano não nos dão barato – e esta missão ultimamente é árdua. O São Paulo ultimamente tem se dedicado de forma singela e mequetrefe a construir banalidades, frivolidades, coisas típicas para assanhar jornal. Mas as epopeias, como a fantástica história da “Moeda em Pé”, estas estão ficando nas prateleiras da memória, como se o nosso hino espetacular e soberbo fosse, na verdade, vaticínio: “as suas glórias, vem do passado.”.


Juvenal Juvêncio banalizou o São Paulo. De diretor e presidente responsável pela criação e gestão de um dos times mais vitoriosos e briosos da história sagrada do nosso manto se transformou num cartola típico de filme de caubói, de novela das oito ou de policial enlatado. A alteração do estatuto do clube e a maldita usurpação da taça das bolinhas maculam completamente nosso branco, tiram o sangue do nosso vermelho e enfurecem o nosso preto até o limite da desonra. 


Mas não quero falar dessas coisas terrenas, que me dão engulhos, náuseas, vômitos, cóleras fulminantes, triglicérides violentas e colesteróis abruptos. Quero as nossas arrogâncias no devido lugar: de orgulho e não de teimosia e soberba. 

Escrevo estas bobeiras sentimentais só para expor o quanto foi trágica a partida de domingo passado contra o Santos Futebol Clube. Uma das partidas mais horrorosas, fantasticamente péssimas, extraordinariamente terríveis que tive o prazer de assistir, pela TV é verdade. A partida foi de uma bizonhice tão singular que restituiu minha crença na vocação milenar do “Mais Querido” que são as grandes epopeias, as jornadas incríveis, o domínio do mundo pela razão: A partida foi tão maravilhosamente tenebrosa que se tornou uma grandiosa e eloquente demonstração da ruindade universal. Não é pouco! E ganhamos! Com gol de Paulo Miranda, o mais apupado dos seres humanos. O São Paulo é isso: De uma grandeza imperial, ímpar, sui generis. Até na ruindade. 






E por fim, Émerson Leão é arrogante, chato, prepotente, coronelzão. Mas é tudo fachada. É, na verdade e unicamente, boleiro. Talvez esteja ultrapassado na forma de pensar taticamente a disposição do time, mas poucos entendem tão bem este mundo tão legal que era o futebol antes do teipe, do tira-teima, do “fair play”, da “arena” e das pantufas nas arquibancadas. Suas entrevistas pós- jogo são dignas de nota, sempre. Repletas de lugares comum, do “time fez por onde”, mas de finas ironias quando fala do desempenho dos jogadores e dos jornalistas, de sarcasmo e de humor. E depois que deixou aquele ridículo acaju para assumir a juba branca, virou um senhor de respeito. Não é pouco! Mas por todas as caçarolas atômicas do universo: O Fernandinho, de titular, outra vez, nunca mais!



13.06.2012


Ps. As fotos, retirei da internet. E o desenho do "Grandes Ídolos" é do sítio oficial do SPFC, desenho do grande Batistão.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Solucionática: Mais que um camisa 10

Por Felipe Alves

Apesar do que boa parte da mídia esportiva fez parecer, o Pacaembu testemunhou neste final de semana algo mais do que a simples estréia com o manto alvinegro da mais recente persona non grata da Gávea. Mesmo longe da massa apaixonada que torce contra o vento, o Galo teve uma atuação contra o vendaval oriundo dos sopradores de apito e levantadores de bandeira e se viu forçado a anotar três tentos para ter apenas um deles validado pelos distintos senhores. Ossos do ofício e três pontos justos para uma atuação que se não foi brilhante, foi aguerrida e manteve o tom do bom início de campeonato do atual campeão mineiro.

Com apenas um gol sofrido em quatro rodadas, Cuca parece ter acertado um bom sistema defensivo, que conta com um excepcional zagueiro que fez a sua quarta partida impecável seguida, um leão no meio-campo que com certeza deixou a torcida alviverde saudosa dos tempos em que vestia sua camisa, além de homens de frente voluntariosos apesar de pequenos, prontos a dar o primeiro combate e recompor a marcação quando da subida de algum dos homens de trás. Esse bom sistema defensivo herdado das últimas rodadas do Brasileirão 2011 recebeu ainda bons reforços nas laterais principalmente do lado direito, assumido por um prata da casa que fez ótimo campeonato pelo rival no ano passado.

À frente permanecem as falhas de finalização, principalmente do nosso pequeno projeto de craque, que acabaram compensadas pela ótima jogada seguida de linda assistência para o nosso centroavante, destaque das duas últimas partidas, anotar nosso único gol validado. Reforço ofuscado pela contratação-bomba da última semana, ele vem mostrando que veio pra briga e o ex-menino da Vila que se cuide e saia do comodismo pra garantir seu lugar.

Quanto ao ex-R10 e agora R49, fez uma estréia discreta porém promissora, o que já era esperado. A maior parte dos poréns acerca de sua contratação estão mais ligados aos fatores extracampo do que à qualidade do seu futebol dentro dele. Analisando friamente, seu desempenho no clube da Pat não foi ruim como alguns alardearam, se nos atentarmos aos números. 

Se a quizumba não se instalar, não duvidem que será extremamente útil para fazer o Galo alçar voos mais altos. A esperança está no fato de que ele não veio carregar o time, como alguns esperavam que ele fizesse no Rio. Veio para ser mais um toque de qualidade de um elenco que vem se afirmando e se mostrando cada vez mais entrosado e bem treinado, apesar do lapso que custou a eliminação da Copa do Brasil. Se a invencibilidade no estadual ainda deixava dúvidas, as três vitórias desse início de Brasileirão, sendo duas fora de casa e uma contra o atual campeão, já começam a inspirar mais confiança numa boa campanha. A ver se as atuações se manterão nesse bom nível com regularidade quando o Brasileirão estiver na potência total.

Leiteria - Trocando em Miúdos


Por Gilson Moura Junior

Fluminense e Internacional tem uma relação tórrida, especialmente recentemente quando se enfrentam com uma frequência assustadora e de uma forma acalorada, agarrada, quase que num transe erótico, físico, dolorido e pegado.

A nação colorada, marcada pela lógica de que a história começa em 2006, tende a nos classificar como o submundo da inexistência e uma afronta perambulante pela série A, e por vezes ignora a recente freguesia de três anos, fora que o conflito historicamente não é exatamente desequilibrado para os lados do Gigante da Beira-Rio.

Em meio aos entreveros de cada embate, Fluminense e Internacional se enfrentaram ontem  sob a mancha da zona que é a administração da CBF e sob uma chuva e um frio que se pra Gaúcho é frescura, pros Cariocas amantes de Futebol é um convite ao Pay Per View. Frio vá lá, mas Chuva é uma afronta.

O jogo em si começou mui bueno, coma taques lá e cá, uma surpreendente volta de Deco e Nem, que chegaram chegando, e com boa movimentação do digníssimo Fred, que parecia que estava feliz com seus caipisaquês em dia e sua coxa curada. No entanto no decorrer da peleja e da péssima arbitragem o que era bom acabou-se e quem curtiu arregalou-se no sono dos justos até que Lanzini desjustificou qualquer investimento milionário em sue passe mandando uma bola que era gol certo nas mãos da Pequena Sereia ( E goleiro titular do Inter nas horas vagas) Muriel.

O Fluminense e sua cosmicidade ontem não apareceram em campo, levados pela lentidão do retorno de seus baluartes e uma pequena falta de ritmo, pelo Frio e pela boa atuação defensiva do colorado, mas no entanto não nos envergonhou a esquadra com uma atuação desmeritosa, jogou até bem, até ser envolvida pela preguiça da chuva friorenta.

A sensação de que perdemos três pontos garantidos se dá pela quantidade de gols perdidos e pelas boas chances criadas, sendo que fomos superiores neste quesito em toda a peleja, mas no entanto não é bom esquecer que enfrentamos um grande time, mesmo desfalcado.

Agora é conquistar os pontos que faltam diante da Lusa  em casa, que diante do quadro em que se encontra nos enche de responsabilidade da vitória, e nos prepararmos completos para mordiscar mais três pontos diante do Atlético-Goianiense em Goiás.

Com o Brasileiro no início é bom já começar a trilhar o caminho das vitórias antes que os adversários continuem a se distanciar, especialmente o Vasco, mas devemos também considerar que as três primeiras rodadas nos tiveram com times mistos e muito desfalcados.

O Flu oficial estreou ontem, estrou bem, poderia ser melhor, e agora é partir com seriedade pra conquistar este campeonato e retornar À Libertadores. 

É nosso desejo e dever, é nossa carteira de identidade, pra não ficar a impressão de que fomos tarde.

O Campinho da Aldeia Velha - Flamengo de Arcoverde: mais um ano fora da série A2


 Por Victor Freire

O Clube de Regatas Flamengo, aquele famoso do Rio de Janeiro, é objeto pra uma análise fria, imparcial, mas acima de tudo sob a luz da ciência social e histórica: é um clube conhecido por sua gestão atabalhoada, pra dizer o mínimo (Ronaldinho que o diga), e com uma recente carência de títulos importantes (só um Brasileiro, 2009) incondizente com sua pretensa grandeza.

Imagem meramente ilustrativa
Ainda assim, conquista uma quantidade impressionante de torcedores até mesmo fora de sua origem, em estados menores e interior de estados maiores de Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os famosos torcedores pé-de-rádio, ou pé-de-boteco-com-pfc, ou ainda, derrogatoriamente, paraibacas, compõem, arrisco, mais de 80% da nação urubu. E tome “mengaum” pra lá, “mengaum” pra cá...

Mas foi este anacrônico Flamengo que inspirou o rubro-negro (ugh!) de minha cidade natal. O  Flamengo Esporte Clube de Arcoverde, Pernambuco, foi fundado em 1959 e sempre teve boas atuações nos estaduais, com bom público em sua casa, o ex-municipal Souto Maior, hoje Áureo Bradley.

O primeiro jogo de futebol profissional que eu já vi na vida foi do Flamengo, lá pelos meus 3, 4 anos de idade. Eu já vi fotos dos anos dourados do Flamengo de Arcoverde, de sua fundação e primeiras campanhas, cheguei até a acompanhar um pouco de suas boas campanhas na segunda metade da década de 90. Até meu pai, tricolor arrudeiro como eu, associou-se ao time.

E ao que parece, foi só. Uma das maiores tristezas pra mim é ver um clube com história não disputar um campeonato de porrinha que seja. Um campeonato qualquer, que valha uma grade de cajuína Hiran. É justamente o que está acontecendo com o time de lá, com razões que variam de um ano pra outro: primeiro, cedeu lugar a um certo “Arcoverde Futebol Clube”; depois, a ausência de um médico esportivo na ficha de inscrição.

Surgiram então uns empresários trambiqueiros de SP que prometeram reerguer o time, mas aliciaram uns perronhas e ficaram sem pagar os pobres coitados, sumindo com a grana depois. Este ano, foi a reprovação do Áureo Bradley pela FPF, que está jogado às moscas pela prefeitura, doida pra vendê-lo para algum empreendimento imobiliário colocá-lo abaixo.

Muitos fatores contribuem para a derrocada do Flamengo de Arcoverde: a péssima gestão, tanto da parte dos dirigentes quanto da Liga Desportiva Arcoverdense; a situação econômica da cidade, que há muito tempo não desponta com força no sertão pernambucano; e a falta de mobilização dos moradores e da prefeitura da cidade, pouco interessados com o patrimônio esportivo local, que já levou à dilapidação tanto do estádio quanto do Centro de Educação Física, outrora palco de uma ativa e organizada vida desportiva.
Outras cidades e times no interior de Pernambuco (Surubim, Petrolândia, Ouricuri, e até mesmo Garanhuns, com 150 mil habitantes e uma economia considerável) passam pelo mesmo mal, até onde eu sei. Mas o caso de Arcoverde e do Flamengo de lá é um dos mais emblemáticos. E, pela proximidade, como dói ver esta situação...

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Leiteria - E todos os meninos vão desembestar....

O que será que quer o Fluminense neste Brasileiro? 

O que será que me dá ao ter a esperança e a alegria de ver triangulações e passes feitos por jogadores ainda semi-juniores e quase trazerem uma outra vitória importantíssima pras pretensões tricolores no Brasileirão?

O que será que me dá que me traz uma felicidade que é revelia, que antevê mais do que o que o campo mostra?

O que será que será que esses meninos têm ao ignorar inexperiência, fator campo, responsabilidade de substituição de craques consagrados e que lutam, mostram um DNA de time,um DNA de uma história que traz Edinho, Ricardo Gomes, Thiago Silva, Marcelo, Alan, Maicon e  quase vencem o Santos em sua casa?

Claro que devemos considerar o mesmo do outro lado, um Santos tão desfalcado e desfigurado quanto o Fluminense, mas não estamos aqui para a objetividade idiota, estamos aqui para entender o que será que que dá ao ver essa juventude entrar em campo e ser como uma aguardente que não sacia.

E essa arte, essa esperança, esse renascer de uma base que tanto já produziu e agora nos dá o orgulho de termos no banco  promissores valores que podem hoje nos dar um infraestrutura boa para encarar um campeonato longo enquanto Fred, Deco, He-Man, Nem, Sóbis, Valencia e Diguinho estão longe, é como um sentimento que não tem vergonha, nem nunca terá.


Ontem os meninos, esses meninos, foram novamente fortes e mereceram a vitória que não veio, castigados por erros em um empate que ainda é um bom resultado.

Espero o dia que será, que será, onde todos esses meninos vão desembestar de uma forma que não terá vergonha (nunca terá) , não terá governo (nunca terá), não terá juízo.