Lucas Morais
O Galo é um time com
tradição em pontos corridos, como em 1971, quando tornou-se o
primeiro campeão brasileiro, em 1977, quando foi vice-campeão
invicto, em 1980 vice-campeão, em 1999, também vice-campeão. No
início do Brasileiro de 2012, após a sétima rodada, o time volta a
ocupar a primeira colocação, fato que não ocorria desde 2009,
quando Roth tirou água de pedra de um elenco limitado e logrou 14
rodadas na liderança.
No Estádio Olímpico,
em Porto Alegre, mais de 33 mil gremistas, e pouco mais de cem
atleticanos, foram torcer para os seus times, enquanto a torcida
tricolor xingava de todas as maneiras possíveis o ex-ídolo,
Ronaldinho Gaúcho. Era também o reencontro do Galo com Luxemburgo,
de Rafael Marques e Escudero com o ex-clube, a estreia de Marcelo
Grohe, novo goleiro gremista, após a saída de Victor, comprado por
três milhões de euros pelo Atlético. E era também o reencontro de
Jô, ex-atacante do Inter, com as redes, após a jogada
mágica do garoto Bernard (foto). A partida tinha também um valor
simbólico alto, já que quem vencesse despontaria na luta pela
liderança.
Título?
Há quem não veja o
Galo como candidato ao título, receando que possa perder a força
durante o campeonato, deixando a ponta e, em seguida, fazendo mais
uma campanha mediana, talvez dessa vez distinta dos dois últimos
anos, em que limitou-se a fugas heroicas contra o rebaixamento para a
Série B. Há também quem pense que Cuca seja um treinador fraco,
deprimente, e que não possui espírito de campeão: um cavalo
paraguaio que poderá, no máximo, almejar a sexta ou sétima
colocação. Porém, para o Atlético, em face das campanhas de 2004
para cá, uma campanha mediana marcaria o reinício das boas
campanhas alvinegras, isto é, o saldo não seria ruim, exceto pela
torcida, sempre ansiosa já pelo título.
Futebol em Belo
Horizonte: o retorno do Independência
Para o futebol
belorizontino, o ano de 2012 marca o retorno do futebol à capital
mineira, com a inauguração do Novo Independência, no bairro Horto,
zona leste, próxima ao Centro. Desde as primeiras rodadas até a
sétima, os clubes mineiros estiveram na ponta da tabela, à exceção
do Cruzeiro, que começou o campeonato com empates. Portanto, 2012
marca um reinício para esses clubes, que no ano passado se limitaram
a fugir do rebaixamento, tendo o Cruzeiro escapado na última rodada,
diante do arquirrival, por 6 a 1, enquanto o Coelho não sobreviveu
diante do São Paulo no Morumbi e foi rebaixado.
No Independência, o
formato-caldeirão prevalece e a torcida influencia mais nas quatro
linhas do que em estádios como o Engenhão do Rio de Janeiro, onde a
torcida fica longe do campo. O jogo ganha em emoção e, se a torcida
apoiar, ao invés de cornetar irracionalmente, o time tem tudo para
se unir, se superar e brigar.
A briga, a tática, a
luta contra CBF, Globo, diretoria, tudo e todos
Pelos resultados
recentes, o Galo aponta a tendência de que será um dos times que
brigarão até o fim do campeonato pelo título, afinal, a
contratação do goleiro Victor é justamente para eliminar uma
carência histórica, datada desde a saída de Diego Alves em 2007.
Entretanto, Diego não era considerado naquela época um grande
goleiro, apesar de se destacar. O último grande goleiro do Atlético
foi Taffarel, já que Velloso jogou com mais idade. Victor tende a
somar muito com um elenco que já possui qualidade antes de sua
chegada.
Há no torcedor
atleticano um sentimento diferente em relação ao time. Os jogadores
estão mais maduros, o time focado e capaz de resistir pressões
psicológicas fortes, como nas vitórias contra o Palmeiras,
Corinthians, Grêmio e, inclusive, a Ponte Preta, que perdeu graças
a uma cabeçada sortuda do meia-atacante Damián Escudero. Detalhe: o
Galo nunca havia ganhado da Macaca no Moisés Lucarelli.
Outro elemento a se
destacar é que Cuca tem alterado em diversos momentos o esquema
tático, mas com o time mantendo a pegada e o foco sem problemas. O
time está bem compacto, veloz, marcando com eficiência e ciente de
que pode almejar coisa grande nesse campeonato. Há que melhorar,
para variar, as finalizações.
Caso a Alexandre Kalil
não atrapalhe Cuca, deixando-o trabalhar em paz como vem sendo feito
até aqui, esse time terá plenas condições de chegar, ao menos, na
zona de classificação para a Libertadores. Fluminense, Vasco,
Inter, Grêmio e São Paulo são, igualmente, candidatos plenos à
classificação para a Libertadores e título.
Há sempre que lembrar
que o Galo luta, também, contra a arbitragem. Dos jogos que vi,
posso afirmar tranquilamente que os árbitros dos jogos contra o
Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Grêmio foram para lá de
caseiros, enquanto, contra o Náutico, a arbitragem puxou pelo mais
fraco: pênalti inexistente em Jô e goleada na sequência. Veremos o
quanto esse fator será importante mais adiante, especialmente nas
rodadas finais. Afinal, no Brasileiro, duas vitórias são seis
pontos.
E os jogadores? Ah, e o
Ronaldinho?
Na imprensa nacional há
quem prefira se limitar na desqualificação a Ronaldinho Gaúcho
pelo seu histórico de baladeiro, assim como Jô, enquanto desdenham
do jovem garoto Bernard, de 19 anos, que hoje joga com um ídolo que
o inspira e faz seu futebol crescer, tal como ocorreu com ninguém
menos que Messi, como pode ser visto neste
vídeo de seu primeiro gol profissional pelo Barcelona, aos 17
anos.
Por ora, é muitíssimo
cedo para se falar em título, o que é óbvio, mas não para
falarmos de Libertadores, apesar de o que um clube deve mirar sempre
seja o título. O campeonato é longo, haverá contusões, expulsões,
cartões amarelos, vermelhos, e também o retorno de jogadores do
departamento médico e contratações pontuais que Cuca sabe tão bem
fazer.
No saldo geral, após
muitos anos o clube volta a Belo Horizonte sendo visto, percebido e
comentado como um dos candidatos a disputar até o fim pelo título,
dado que o clube hoje possui elenco, centro de treinamento de alta
qualidade, preparador físico, de goleiro e médico da Seleção, um
goleiro (Victor), um zagueiro (Réver) e dois atacantes (Bernard e
Jô) que podem ser selecionáveis. Um plantel competitivo, de casa
nova e reinaugurando sua relação com a sua apaixonada torcida, mas
que só nas últimas rodadas saberá o tamanho de suas pernas.
O plantel
Goleiros: Victor,
Giovanni, Renan Ribeiro.
Laterais : Marcos
Rocha, Júnior Cesar, Carlos Cesar, Triguinho.
Zagueiros: Réver,
Rafael Marques, Leonardo Silva, Sidimar, Luiz Eduardo
Volantes: Pierre,
Leandro Donizete, Fillipe Soutto, Serginho, Richarlyson.
Meias: Ronaldinho,
Bernard, Danilinho, Escudero.
Atacantes: Jô,
Guilherme, André, Juninho, Neto Berola, Paulo Henrique.
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