terça-feira, 3 de julho de 2012

Solucionática: O Galo canta que o céu é o limite


Lucas Morais

O Galo é um time com tradição em pontos corridos, como em 1971, quando tornou-se o primeiro campeão brasileiro, em 1977, quando foi vice-campeão invicto, em 1980 vice-campeão, em 1999, também vice-campeão. No início do Brasileiro de 2012, após a sétima rodada, o time volta a ocupar a primeira colocação, fato que não ocorria desde 2009, quando Roth tirou água de pedra de um elenco limitado e logrou 14 rodadas na liderança.

No Estádio Olímpico, em Porto Alegre, mais de 33 mil gremistas, e pouco mais de cem atleticanos, foram torcer para os seus times, enquanto a torcida tricolor xingava de todas as maneiras possíveis o ex-ídolo, Ronaldinho Gaúcho. Era também o reencontro do Galo com Luxemburgo, de Rafael Marques e Escudero com o ex-clube, a estreia de Marcelo Grohe, novo goleiro gremista, após a saída de Victor, comprado por três milhões de euros pelo Atlético. E era também o reencontro de Jô, ex-atacante do Inter, com as redes, após a jogada mágica do garoto Bernard (foto). A partida tinha também um valor simbólico alto, já que quem vencesse despontaria na luta pela liderança.

Título?

Há quem não veja o Galo como candidato ao título, receando que possa perder a força durante o campeonato, deixando a ponta e, em seguida, fazendo mais uma campanha mediana, talvez dessa vez distinta dos dois últimos anos, em que limitou-se a fugas heroicas contra o rebaixamento para a Série B. Há também quem pense que Cuca seja um treinador fraco, deprimente, e que não possui espírito de campeão: um cavalo paraguaio que poderá, no máximo, almejar a sexta ou sétima colocação. Porém, para o Atlético, em face das campanhas de 2004 para cá, uma campanha mediana marcaria o reinício das boas campanhas alvinegras, isto é, o saldo não seria ruim, exceto pela torcida, sempre ansiosa já pelo título.

Futebol em Belo Horizonte: o retorno do Independência

Para o futebol belorizontino, o ano de 2012 marca o retorno do futebol à capital mineira, com a inauguração do Novo Independência, no bairro Horto, zona leste, próxima ao Centro. Desde as primeiras rodadas até a sétima, os clubes mineiros estiveram na ponta da tabela, à exceção do Cruzeiro, que começou o campeonato com empates. Portanto, 2012 marca um reinício para esses clubes, que no ano passado se limitaram a fugir do rebaixamento, tendo o Cruzeiro escapado na última rodada, diante do arquirrival, por 6 a 1, enquanto o Coelho não sobreviveu diante do São Paulo no Morumbi e foi rebaixado.

No Independência, o formato-caldeirão prevalece e a torcida influencia mais nas quatro linhas do que em estádios como o Engenhão do Rio de Janeiro, onde a torcida fica longe do campo. O jogo ganha em emoção e, se a torcida apoiar, ao invés de cornetar irracionalmente, o time tem tudo para se unir, se superar e brigar.

A briga, a tática, a luta contra CBF, Globo, diretoria, tudo e todos

Pelos resultados recentes, o Galo aponta a tendência de que será um dos times que brigarão até o fim do campeonato pelo título, afinal, a contratação do goleiro Victor é justamente para eliminar uma carência histórica, datada desde a saída de Diego Alves em 2007. Entretanto, Diego não era considerado naquela época um grande goleiro, apesar de se destacar. O último grande goleiro do Atlético foi Taffarel, já que Velloso jogou com mais idade. Victor tende a somar muito com um elenco que já possui qualidade antes de sua chegada.

Há no torcedor atleticano um sentimento diferente em relação ao time. Os jogadores estão mais maduros, o time focado e capaz de resistir pressões psicológicas fortes, como nas vitórias contra o Palmeiras, Corinthians, Grêmio e, inclusive, a Ponte Preta, que perdeu graças a uma cabeçada sortuda do meia-atacante Damián Escudero. Detalhe: o Galo nunca havia ganhado da Macaca no Moisés Lucarelli.

Outro elemento a se destacar é que Cuca tem alterado em diversos momentos o esquema tático, mas com o time mantendo a pegada e o foco sem problemas. O time está bem compacto, veloz, marcando com eficiência e ciente de que pode almejar coisa grande nesse campeonato. Há que melhorar, para variar, as finalizações.

Caso a Alexandre Kalil não atrapalhe Cuca, deixando-o trabalhar em paz como vem sendo feito até aqui, esse time terá plenas condições de chegar, ao menos, na zona de classificação para a Libertadores. Fluminense, Vasco, Inter, Grêmio e São Paulo são, igualmente, candidatos plenos à classificação para a Libertadores e título.

Há sempre que lembrar que o Galo luta, também, contra a arbitragem. Dos jogos que vi, posso afirmar tranquilamente que os árbitros dos jogos contra o Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Grêmio foram para lá de caseiros, enquanto, contra o Náutico, a arbitragem puxou pelo mais fraco: pênalti inexistente em Jô e goleada na sequência. Veremos o quanto esse fator será importante mais adiante, especialmente nas rodadas finais. Afinal, no Brasileiro, duas vitórias são seis pontos.

E os jogadores? Ah, e o Ronaldinho?

Na imprensa nacional há quem prefira se limitar na desqualificação a Ronaldinho Gaúcho pelo seu histórico de baladeiro, assim como Jô, enquanto desdenham do jovem garoto Bernard, de 19 anos, que hoje joga com um ídolo que o inspira e faz seu futebol crescer, tal como ocorreu com ninguém menos que Messi, como pode ser visto neste vídeo de seu primeiro gol profissional pelo Barcelona, aos 17 anos.

Por ora, é muitíssimo cedo para se falar em título, o que é óbvio, mas não para falarmos de Libertadores, apesar de o que um clube deve mirar sempre seja o título. O campeonato é longo, haverá contusões, expulsões, cartões amarelos, vermelhos, e também o retorno de jogadores do departamento médico e contratações pontuais que Cuca sabe tão bem fazer.

No saldo geral, após muitos anos o clube volta a Belo Horizonte sendo visto, percebido e comentado como um dos candidatos a disputar até o fim pelo título, dado que o clube hoje possui elenco, centro de treinamento de alta qualidade, preparador físico, de goleiro e médico da Seleção, um goleiro (Victor), um zagueiro (Réver) e dois atacantes (Bernard e Jô) que podem ser selecionáveis. Um plantel competitivo, de casa nova e reinaugurando sua relação com a sua apaixonada torcida, mas que só nas últimas rodadas saberá o tamanho de suas pernas.

O plantel

Goleiros: Victor, Giovanni, Renan Ribeiro.
Laterais : Marcos Rocha, Júnior Cesar, Carlos Cesar, Triguinho.
Zagueiros: Réver, Rafael Marques, Leonardo Silva, Sidimar, Luiz Eduardo
Volantes: Pierre, Leandro Donizete, Fillipe Soutto, Serginho, Richarlyson.
Meias: Ronaldinho, Bernard, Danilinho, Escudero.
Atacantes: Jô, Guilherme, André, Juninho, Neto Berola, Paulo Henrique.

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