domingo, 8 de julho de 2012

Leiteria - Parece que foi ontem


Por Gilson Moura Henrique Junior

Não haveria um jogo no Domingo, já se sabia.

Não, não haveria um jogo. 

Haviam eles, com os mantos, os nomes do passado, a história desenhando a si mesma em dimensões múltiplas. Muito mais que uma linha, muito mais que um caminho, muito mais que um jogo.

Ali, naquele estádio, se construía um átimo de eternidade incapaz de ser descrito: Era um Fla x Flu.

Em cada camisa um nome que marcava a história, em cada cor uma marca de tempos e lições, de gols, de supremacias, de surpresas.

Cada ente, cada fibra do ser do Futebol, cada deus que investe em si o poder da magia do esporte, cada anjo que calçou as chuteiras imortais, cada linha de pensamento que criou a ideia que ginga pelas rosas dos ventos do tempo se esmerou em versejar aquele que é mais que um jogo, é a fundação da rivalidade.

E a tradição se fez presente com o esquadrão superior sendo dominado pelo inferior, com craques sendo lutadores e combatentes jogando como craques. Comandantes atentos criando estratégias que atingissem o rival com o máximo de força que o baqueassem, dívidas contraídas com a tradição marcando almas e chuteiras de craques consagrados: Era um Fla x Flu.

Como uma marca que é tatuada na pele dos títulos tricolores eis que surge o jogador decisivo. Eis que surge quem deveria aparecer e tirar dos ombros a cobrança por gols contra o rival: Um pela audácia de vestir a malfadada camisa, outro pelo azar de nunca ter ferido aquele que nos é antípoda.

Deco? Bruno? Nem? Não, Fred e Thiago Neves costuraram o gol que os marca na história para sempre, um gol centenário, um gol de redenção, um gol que novamente nos coloca à frente do Flamengo depois de mais de um ano sem vencê-los, um gol que nos anima na dura caminhada rumo ao Tetra, um gol decisivo.

Os destaques do jogo? Pelo Flu Deco, Nem, e Gum e pelo Fla Love, Diego Maurício e Adryan. Táticas? Não as vi. Técnicos? Abel por ter nos olhos a importância do Fla x Flu diante de um Joel prostrado pelo cansaço de suas "malasartianas" falas de "Papai Joel". Abel armou um time, Joel jogou dados.

Não se joga dados em um Fla x Flu, assim como Deus não os joga com o Universo.

E se passaram cem anos, mas parece que foi ontem.

2 comentários:

  1. "Joel jogou dados" - conseguiu resumir o que o treinador do Fla fez ontem. (E faz com cada vez mais frequência.)

    O primeiro centenário do clássico termina como começou: com vitória tricolor. :)

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  2. Ótimos textos.
    Só senti falta de uma matéria dedicada a libertadores e a quebra do grande tabu do Corinthians Campeão.
    Abraços e sucesso.

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